Título: PT NEGOCIA QUATRO NOMES PARA SUCESSÃO
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 20/09/2005, O País, p. 4

`Temos que ter abertura para perceber qual tem mais trânsito na Câmara¿

BRASÍLIA. Aberta a sucessão para a presidência da Câmara, o PT vai trabalhar para assumir o cargo na condição de maior bancada da Casa. Mas de forma negociada e não impondo nomes como fez na eleição que resultou na vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE). O líder do PT, Henrique Fontana (RS), afirmou ontem que o partido não vai apresentar um candidato, mas procurar entendimento com os partidos governistas e de oposição em torno dos quatro nomes de petistas mais citados para o cargo: Sigmaringa Seixas (DF), Paulo Delgado (MG), José Eduardo Cardozo (SP) e Arlindo Chinaglia (SP).

¿ Temos que ter abertura para dialogar e perceber qual nome tem mais trânsito na Casa, para não constranger um acordo maior e mais amplo. Mas o PT vai trabalhar pelo retorno da maior bancada para a presidência da Câmara ¿ disse Fontana.

PMDB insiste em acordo em torno de Michel Temer

Apesar da disposição do PT, o PMDB também articula a candidatura do deputado Michel Temer (SP), que por duas vezes ocupou o cargo. O PMDB confia justamente no crescimento da sua bancada, com filiações de deputados oriundos dos partidos mais atingidos pela crise, como PP, PL e PTB. Para o deputado Eliseu Padilha (RS), no entanto, mesmo sem essa condição, são grandes as chances de um acordo em torno de Temer.

O PMDB tem procurado os demais partidos, especialmente o PFL e o PSDB, argumentando que a legenda ficou ao largo da crise e que Temer seria a opção da neutralidade. Segundo Padilha, Temer já representa a segunda opção de pefelistas e tucanos, caso não emplaquem candidatos próprios. Se não houver entendimento com o PT, o peemedebista admite a disputa em plenário. Henrique Fontana também prevê o confronto:

¿ Precisamos fazer isso com humildade, não de forma impositiva. O primeiro movimento é tentar o consenso. Se não for possível, vamos à disputa ¿ disse o petista.

Para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o PMDB erra ao pleitear o comando das duas Casas do Congresso ¿ uma vez que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) preside o Senado. Ele defende o critério da proporcionalidade:

¿ É um critério muito forte. Por acordo, é sempre possível ter outro critério. Mas a eleição de Severino é um exemplo de que não respeitar essa condição não é um bom caminho ¿ afirmou Mercadante.