Título: ARRECADAÇÃO FEDERAL SUBIU 9,08% PARA O RECORDE DE R$38,6 BI EM AGOSTO
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 21/09/2005, Economia, p. 22

Do total, R$9,6 bi vieram do INSS. Foi a primeira divulgação da Super-Receita

BRASÍLIA. O desempenho da economia nos últimos meses garantiu à Super-Receita - união das Secretarias da Receita Federal e Previdenciária - sua maior arrecadação em um mês de agosto. Devido principalmente aos tributos pagos pelo setor produtivo, entraram nos cofres públicos R$38,671 bilhões no mês passado, um crescimento real de 9,08% em relação ao mesmo período de 2004. Desse total, R$9,651 bilhões vieram das contribuições feitas ao INSS, volume recorde pelo terceiro mês consecutivo, devido ao crescimento do emprego com carteira assinada. Foi a primeira divulgação conjunta da Receita Federal do Brasil.

Os números seriam ainda mais gordos não fossem os primeiros efeitos da chamada MP do Bem, que provocou recuo de 1,32% na arrecadação em relação a julho deste ano.

Acordo na Câmara permite aprovação da MP do Bem

Com a redução a zero da alíquota sobre bens de capital, houve perda de arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 9,83%, que caiu abaixo de R$1 bilhão.

- Já começamos a ver o efeito da redução a zero para bens de capital - disse o secretário-adjunto da Receita Federal do Brasil, Ricardo Pinheiro, lembrando, no entanto, que o empresário não investe só por causa da redução no imposto, mas por confiar na economia.

Pinheiro destacou que o aumento na arrecadação repercute o desempenho da economia, da geração de empregos e do crescimento da massa salarial.

No mês passado, o governo teve um aumento da receita com impostos que incidem sobre o lucro das empresas - o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - da ordem de 32%, frente ao mesmo período de 2004. Ao todo, o IRPJ gerou R$3,913 bilhões, com destaque para setores como telecomunicações, metalurgia, eletricidade e bancos. A CSLL levou mais R$1,959 bilhão ao caixa da União.

Já com o fim da cumulatividade da Cofins, a arrecadação com a contribuição vem caindo, mas mesmo assim rendeu aos cofres públicos mais R$7,251 bilhões em agosto.

Pinheiro demonstrou preocupação com a crise política, que pode prejudicar a votação da MP do Bem no Congresso. O texto precisa ser votado até 13 de outubro, senão perderá a validade. Para ganhar tempo, os líderes partidários fecharam ontem um acordo na Câmara, retiraram os destaques e aprovaram a proposta, a fim de que ela siga logo para o Senado.

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