Título: HAMAS DIZ QUE VAI PARAR ATAQUES CONTRA ISRAEL
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Fonte: O Globo, 26/09/2005, O Mundo, p. 20

Resposta a mísseis disparados de Gaza resulta na morte de líder da Jihad e na prisão mais de 200 palestinos

GAZA. Treze dias após a retirada dos soldados israelenses da Faixa de Gaza, o clima continua tenso na região. Ontem, Mahmoud al-Zahar, líder do Hamas, garantiu que seu grupo deixará de disparar mísseis contra Israel. O anúncio veio depois de uma ofensiva israelense iniciada na noite de sábado, em resposta ao lançamento de mísseis palestinos contra seu território e depois de o governo decidir retomar a chamada política de assassinato seletivo.

¿ O movimento declara o fim de suas operações a partir da Faixa de Gaza contra a ocupação ¿ declarou Zahar.

Mas uma fonte do governo israelense disse que o Hamas continua sendo considerado um inimigo e que deve antes de tudo provar suas intenções.

A ofensiva aérea israelense, que se prolongou pela madrugada de domingo, foi uma ação dirigida contra ativistas dos movimentos Hamas e Jihad Islâmica em Gaza e resultou na morte de dois membros desses grupos, entre eles o xeque Mohammed al-Sheikh Khalil, um dos líderes da Jihad, e na prisão de mais de 200 palestinos suspeitos de envolvimento com os movimentos. Condenados internacionalmente, os ataques seletivos tinham sido suspensos em fevereiro, quando palestinos e israelenses declararam uma trégua.

Sharon abandona reunião do Likud em Tel Aviv

A onda de violência dos últimos dias foi a pior desde que Israel completou a retirada da Faixa de Gaza, em 12 de setembro, após 38 anos de ocupação. Ela começou depois de uma explosão num desfile militar do Hamas, sexta-feira, que causou 15 mortes. O grupo culpou Israel, que negou participação no incidente. Abu Khussa, porta-voz do Ministério do Interior da Autoridade Nacional Palestina, disse que a explosão foi acidental. Desde então, mais de 40 mísseis foram disparados contra Israel.

Ontem à noite houve um tiroteio perto da casa de Abu Khussa. As autoridades disseram que ainda vão investigar se o incidente tem alguma ligação com o fato de o porta-voz ter inocentado Israel pela explosão de sexta-feira.

Enquanto o Hamas acena com trégua, a Jihad jurou vingança pela morte de Khalil. Em Tel Aviv, o primeiro-ministro Ariel Sharon disse que usará todos os meios para deter os ataques palestinos e reafirmou que pretende lançar ações contínuas contra o Hamas e a Jihad.

Ontem, Sharon abandonou a reunião com líderes de seu partido, o Likud, após seu microfone ter sido cortado duas vezes. Aliados disseram que oponentes da retirada de Gaza sabotaram o sistema de som, deixando o premier em pé no palco, sem ser ouvido. O comitê central do Likud deve votar hoje a moção do rival de Sharon, o ex-premier Benjamin Netanyahu, para antecipar para novembro a eleição do líder do partido.

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