Título: RENAN CRITICA POUCA VERBA PARA CAMPANHA PELO DESARMAMENTO
Autor: Isabela Martin
Fonte: O Globo, 23/09/2005, O País, p. 14

Para o senador, governo federal limitou divulgação sobre o referendo

FORTALEZA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou ontem o governo federal por não ter feito esforço para gastar dinheiro com publicidade da campanha do desarmamento e ter-se limitado a divulgá-la nos espaços de utilidade pública dos veículos de comunicação.

Presidente da frente nacional pró-desarmamento, Renan Calheiros foi a Fortaleza participar do III Congresso Nacional de Delegados da Polícia Federal e disse que a banalização da comercialização da arma de fogo é uma das principais causas dos elevados índices de criminalidade no Brasil. Segundo ele, o país tem 2,78% da população do mundo, mas responderia por 10% a 13% dos crimes do planeta. Para ele, isso é uma epidemia que precisa ser tratada.

O senador acredita que poderia haver uma redução se o acesso fosse dificultado e usou como argumento uma pesquisa feita pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O estudo, segundo o senador, mostra que apenas 5% dos crimes por arma de fogo estão relacionados a latrocínio (roubo seguido de morte). Na maioria deles (66%), as mortes são resultados de crimes por desavenças entre pessoas que se conhecem. De cada três jovens mortos no Brasil, disse o senador, um seria vítima de arma de fogo.

- A arma de fogo não protege ninguém, mata - frisou Renan.

Autor do primeiro projeto pelo desarmamento no Brasil quando era ministro da Justiça (1998-1999), Renan Calheiros disse que o melhor argumento são os dados do Ministério da Saúde que mostraram uma redução no número de mortes pela primeira vez em 13 anos: de 39.325 mil, em 2003, para 36.091, em 2004, quando o Estatuto do Desarmamento entrou em vigor.

Referendo deste tipo é o primeiro no mundo

Cerca de 500 mil armas já foram recolhidas pela Polícia Federal. Os países que conseguiram reduzir a criminalidade, segundo o senador, desarmaram a população.

O senador Renan Calheiros disse que o referendo sobre comercialização de armas de fogo, marcado para o dia 23 de outubro, é o primeiro no mundo e pode influenciar outros países.