Título: CPI dos Correios quebra sigilo de 11 corretoras
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 05/10/2005, O País, p. 8

Governistas conseguem ampliar investigação sobre Daniel Dantas e oposição atira em denúncias na Petrobras

BRASÍLIA. A CPI dos Correios aprovou ontem pelo menos 65 requerimentos numa tentativa de dar novo ânimo às investigações. Entre eles, 30 pedidos de quebra de sigilo bancário, que servirão a diferentes frentes de investigação. E também foram adotadas medidas para concluir investigações em curso, como a quebra do sigilo de 11 corretoras de valores nas quais investiram fundos de pensão de estatais, doleiros e corretoras suspeitas de participação em operações de lavagem de dinheiro no mercado financeiro. Ex-diretores dos Correios também tiveram o sigilo quebrado.

Manobras de aliados do governo serviram para ampliar a investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas por suspeita de que teria abastecido as contas das agências do empresário Marcos Valério. Já os pefelistas abriram nova frente de investigação na Petrobras: convocaram o diretor de exploração e produção da estatal, Guilherme Estrella, e o dono da GDK Engenharia, Cesar Oliveira, que presenteou o ex-secretário-geral do PT com uma caminhonete Land Rover, para explicar se há relação entre o presente e os contratos com a estatal.

Na tentativa de atingir o PSDB, que recebeu empréstimos de Valério para a campanha em Minas Gerais, em 1998, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) conseguiu aprovar pedido ao Banco Central de cópias dos empréstimos feitos pelo empresário e por suas empresas. Já a sub-relatoria para investigar os fundos de pensão ficou com o pefelista Antônio Carlos Magalhães Neto (BA).

Messer e Najum são convocados

As 11 corretoras de valores que tiveram o sigilo quebrado ontem pela CPI foram: Elite CCVM, Sociedade Corretora Paulista (Socopa); Agenda DTVM, Millenium CCVM, Click Trad Corretora, Dillon Distribuidora, Quantia Distribuidora, Nominal Distribuidora, Euro Distribuidora, Walpires e Planer Corretora. Foi aprovada ainda a proposta de compartilhar dados referentes à quebra de sigilo dos fundos com a CPI do Mensalão.

A aprovação dos requerimentos foi comemorada pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que temia a paralisação e problemas como os da CPI do Banestado, que não teve relatório final:

¿ Há um mês estávamos sem votar requerimentos. Isso aqui estava se traduzindo no que era o Banestado. Se havia um requerimento polêmico, não conseguíamos votar e a sessão era suspensa.

Ele apresentou ontem o relatório sobre as irregularidades na contratação das empresas aéreas Skymaster e Beta pelos Correios, que teriam provocado prejuízo de R$64 milhões da estatal com superfaturamento.

Os parlamentares quebraram ainda o sigilo de quatro empresas ligadas à corretora Bônus Banval, que recebeu dinheiro das agências de Valério, e de dois dos seus sócios, Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado. Adotaram a mesma medida para a corretora Master e seu dono, Rodolpho Bertola Júnior, e para a Eplo Trading, Bramax Comércio Exterior Ltda e Camptur Agência de Viagens e Turismo, de Carlos Alberto Quaglia, o argentino que também é dono da Natimar Negócios e Intermediações. A suspeita é que tenham lavado dinheiro de Valério.

A CPI também convocou para depor e quebrou o sigilo bancário do doleiro Alberto Youssef, preso no Paraná, citado pelo doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona. Foram convocados ainda os doleiros Dario Messer e Najum Turner, citados por envolvimento em operações com o PT.