Título: MEIRELLES NÃO VÊ SINAL DE DESEQUILÍBRIO
Autor: Ênio Vieira
Fonte: O Globo, 07/10/2005, Economia, p. 22

Presidente do BC festeja no Congresso crescimento e geração de empregos

BRASÍLIA. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem que não há desequilíbrios evidentes que possam gerar uma crise econômica. Para justificar o bom cenário, citou números que mostram a expansão dos investimentos acima da variação do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de riquezas produzidas no país). A avaliação foi feita em audiência pública no Congresso Nacional, onde ele esteve pela última vez em junho, quando ainda enfrentava denúncias de sonegação fiscal.

O inquérito continua em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), mas os parlamentares preferiram enfocar temas econômicos, deixando de lado as denúncias.

- A economia cresce de forma equilibrada e gerando empregos. Não existem desequilíbrios evidentes que possam trazer crise - disse Meirelles, que expôs os números do segundo trimestre de 2005.

Para ele, os mais importantes avanços da política econômica foram a melhora nas expectativas de inflação (hoje integralmente dentro das metas de 5,1% em 2005 e 4,5% em 2006) e a estabilidade da relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB.

Mas o deputado Sérgio Miranda (PDT-MG) questionou Meirelles por não citar a carga de juros que será paga pela dívida pública este ano. O BC subiu a taxa básica para aproximar a inflação das metas do governo. Miranda ironizou o discurso de Meirelles, que disse que se governar foi, no passado, abrir estradas, hoje significa abrir opções:

- No governo Lula, o emblema que deve ficar é "governar para pagar juros".

Em 2004, salientou, os juros da dívida pagos pelo país corresponderam a 6,9% do PIB. Este ano, as projeções são de 8,4% do PIB. Meirelles se defendeu com a queda na relação dívida/PIB. Segundo ele, o indicador, que chegava a 57,2% em dezembro de 2003, caiu para 51,1% em junho deste ano.