Título: Moradores tiveram que indenizar invasores
Autor: Fernanda Pontes/Ruben Berta
Fonte: O Globo, 08/10/2005, Rio, p. 13

Associação diz que Cesar não quis intervir

A remoção dos invasores do Parque Dois Irmãos, no Alto Leblon, citada como um exemplo pelo prefeito Cesar Maia, é vista de outra forma pelo presidente da Condomínios Alto Leblon (Cadi), almirante Oscar Moreira da Silva. Ele lembra que a iniciativa de arrecadar dinheiro entre os moradores da região para retirar os invasores do terreno, nos fundos do prédio Max Leblon, na Rua Timóteo da Costa, foi um último recurso:

- Assim que verificamos que havia os barracos entramos com o pedido de reintegração de posse na Justiça. Ganhamos, mas era impossível cumprir a sentença. Sempre que tentávamos, mesmo com a ajuda da polícia, surgia alguém de direitos humanos, algum vereador, que nos impedia de derrubar as construções. Como vimos que esse caminho seria inútil e o Cesar Maia, que era prefeito na época, nos disse que não moveria uma palha, não nos restou outra escolha.

De acordo com o almirante, como o terreno invadido era uma área de mata fechada, os moradores demoraram a perceber a presença dos barracos. O alerta veio quando durante a noite alguns moradores começaram a ouvir batuques vindos de terreiros de umbanda:

- Depois disso, decidimos fazer uma incursão na mata e verificamos que já havia diversas casas. A prefeitura ajudou na derrubada dos terreiros, mas o resto ficou por nossa conta mesmo.

Para a quantia paga e a quantidade de moradores retirados há duas versões diferentes: o presidente da Cadi afirmou que cerca de R$5 mil foram pagos a não mais do que 20 famílias. A presidente da Comunidade do Alto Leblon, Evelyn Rosenzweig, disse que 50 famílias foram indenizadas com cerca de R$20 mil cada.