Título: PSDB BUSCA UNIÃO PARA ENFRENTAR LULA
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 09/10/2005, O País, p. 11

Senador Tasso Jereissati será eleito presidente do partido por consenso

BRASÍLIA. As brigas e disputas que marcaram a campanha do PSDB à Presidência em 2002 fazem parte do passado. Os tucanos aprenderam e fazem um grande esforço para se unir e enfrentar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que disputou com o prefeito de São Paulo, José Serra, a indicação para concorrer à Presidência em 2002, será eleito por consenso presidente do partido na convenção de 18 de novembro. Mas a nova executiva terá pelo menos dois serristas ferrenhos, os deputados Alberto Goldman (SP) e Eduardo Paes (RJ).

- Nossa tarefa agora é construir uma candidatura brasileira, mesmo que o candidato seja paulista - diz o líder no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Crise diminuiu tensão entre os pré-candidatos

Escolha do nome que disputará Presidência só será feita em março

BRASÍLIA. A crise política serviu para recolocar o PSDB na disputa pela Presidência, ao mesmo tempo que indicou qual o melhor candidato para enfrentar o presidente Lula. O resultado foi uma redução da tensão entre os principais pré-candidatos: José Serra e os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (RJ).

Os tucanos vão escolher o candidato em março, prazo legal de desincompatibilização. Na época, deverão deixar seus cargos Alckmin - para disputar a Presidência ou o Senado - e Serra, para disputar a Presidência, caso as pesquisas continuem apontando-o como o candidato capaz de vencer Lula no segundo turno.

- Com Serra, o PSDB tem certeza absoluta de que estará no segundo turno, com chance de ganhar - diz o deputado Jutahy Magalhães Junior (BA).

Em 2002, dificuldades para chegar ao segundo turno

O atual quadro é um verdadeiro céu de brigadeiro em relação ao de 2002, quando Serra teve que abrir caminho à força para chegar ao segundo turno. Primeiro contou com a desestabilização da candidatura da senadora Roseana Sarney (PFL-MA) e depois com os erros cometidos pelo candidato da coligação PPS-PDT-PTB, Ciro Gomes.

Na reta final, Serra ainda teve que se impor diante do crescimento do candidato do PSB, Anthony Garotinho. Agora as pesquisas já o apontam num possível segundo turno e em condições competitivas.

- Mas não está resolvido quem será o candidato. Vamos escolher em março e as circunstâncias apontarão o melhor nome - resume o secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia (CE).

Os tucanos reconhecem que Lula será um forte candidato, apesar da crise política. Por isso, a maioria avalia que Serra terá mesmo de ser seu adversário. Nas conversas de bastidores, admitem que se o presidente se enfraquecer para as eleições, a preferência por Serra também tenderia a desaparecer. Nesse caso, outros candidatos, como Alckmin e Aécio, seriam competitivos.

Tucanos querem aliança com PFL e setores do PMDB

A tática eleitoral do PSDB prevê aliança com o PFL e com setores do PMDB. Tucanos e pefelistas ensaiaram a parceria na candidatura do deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL) à presidência da Câmara. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique já decidiram que o candidato a vice será do PFL. O PSDB quer um nordestino, justamente para evitar que se crie a imagem de que se trata de uma candidatura paulista.

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