Título: Suha controla divulgação de informações
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Fonte: O Globo, 08/11/2004, O mundo, p. 19

Mohammad Dahlan, o ex-chefe da segurança na Faixa de Gaza, partiu ontem de Paris para a Cisjordânia levando uma carta de Suha Arafat para os líderes palestinos. Segundo membros da delegação, a mensagem revela o estado de saúde do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e as conseqüências de sua ausência para os territórios ocupados. Para alguns, Suha teria resolvido intervir no processo de sucessão do marido ¿ em mais uma decisão que pode colocá-la em atrito com dirigentes palestinos.

Desde que Yasser Arafat foi internado num hospital militar em Paris, no dia 29, nenhuma informação sobre seu estado de saúde é liberada sem a aprovação de Suha. E a falta de notícias vem irritando principalmente o ex-premier Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro Ahmed Qorei, que chegam hoje a Paris.

¿ Toda a informação vem de Suha e eles querem ver com seus próprios olhos qual o estado (do líder palestino) ¿ contou uma fonte.

Um círculo extremamente pequeno se encarrega da comunicação sobre o estado de Arafat ¿ num sistema controlado por Suha, que passa o dia inteiro no hospital. Ela pediu às autoridades francesas que a lei do país fosse respeitada: segundo a lei, somente o paciente pode tornar público o seu estado de saúde. Se ele não for capaz de fazer uso desse direito, a decisão caberá ao cônjuge ou parente mais próximo. Se ela vem evitando que detalhes sejam revelados, por outro lado exigiu que o hospital desmentisse os rumores de morte cerebral que surgiram na quinta-feira.

Suha, de 41 anos, foi criada numa família rica cristã. Ela conheceu Arafat, 34 anos mais velho, quando estudava na Sorbonne, Paris. Ela foi contratada para tratar das relações públicas da Organização pela Libertação da Palestina quando Arafat estava no exílio, em Túnis. Mais tarde, tornou-se sua conselheira econômica e em 1990 se casou em segredo com ele. Sua única filha, Zahwa, de 9 anos, nasceu em Paris. Desde então, o casal passou a viver separado, embora ela negasse que o casamento tivesse acabado.

Sua preferência por roupas de luxo contrasta com o estilo austero de Arafat. Certa vez, ela reclamou em entrevista a um jornal egípcio que o marido não lhe dava jóias, oferecendo em vez disso símbolos da revolução palestina. Segundo suas próprias palavras, casou-se com um mito.