Título: TRANSPARÊNCIA, MAS COM MUITO SIGILO
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 10/12/2005, O País, p. 12

Despesas do gabinete do presidente e da Abin, porém, são mantidas em segredo

BRASÍLIA. O governo passou a publicar no Portal da Transparência, na internet, informações sobre gastos com cartão corporativo, que são feitos sem licitação, mas parte das despesas continua protegida por sigilo, ¿para garantia da segurança da sociedade e do Estado¿. São mantidas sob sigilo, por exemplo, despesas do gabinete do presidente da República, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal e de auditorias.

O tipo de gasto, apenas o estabelecimento em que foi feita a compra, e o destino do dinheiro sacado também não estão detalhados na página. Neste ano, as despesas com cartões chegaram a R$15,6 milhões. Desse total, R$7,9 milhões são da Presidência da República, sendo R$3,4 milhões da Abin e R$4,3 milhões do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do gabinete presidencial, no entanto, R$4 milhões são protegidos por sigilo.

O secretário-executivo da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou que o governo avançou em relação a administrações anteriores.

¿ Saímos do nível de transparência zero e agora estamos num nível de transparência elogiado internacionalmente. Merecemos nota oito. Antes são se sabia nada e ninguém questionava, porque não havia transparência ¿ disse Hage.

Segundo ele, as despesas protegidas por sigilo são 0,0009% dos gastos do governo e estão previstas na Constituição.

¿ Despesa protegida por sigilo sempre existiu e sempre existirá em qualquer parte do mundo ¿ disse.

Com relação à especificação dos gastos, Hage afirmou que ainda não é possível pôr na página a nota fiscal com todos os itens comprados. Ele argumentou ainda que os saques em espécie são necessários porque há estabelecimentos que não aceitam pagamento em cartão e outras despesas só podem ser feitas em dinheiro. Segundo Hage, a intenção é ampliar o uso do cartão no governo.