Título: SUS DEVE OFERECER TRATAMENTOS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA AINDA ESTE ANO
Autor:
Fonte: O Globo, 03/02/2005, O País, p. 5

O governo federal planeja oferecer gratuitamente técnicas de reprodução assistida no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda este ano. O serviço, que custa caro nos centros particulares de reprodução humana, deverá atender casais carentes que têm dificuldade de engravidar. O objetivo é também oferecer o tratamento a portadores de HIV que queiram ter filhos, embora as técnicas que permitem a geração de fetos livres do vírus ainda sejam pouco difundidas no país.

A oferta do tratamento pelo SUS faz parte da nova política federal de planejamento familiar, que será lançada em 8 de março, Dia Internacional da Mulher. O programa também prevê a ampliação do acesso a métodos anticoncepcionais.

Desde agosto, um grupo de trabalho formado por integrantes do governo e de entidades médicas discute a possibilidade de o tratamento ser oferecido na rede do SUS.

Mulheres com mais de 35 anos terão prioridade

Atualmente, o grupo está elaborando os critérios para o acesso gratuito ao serviço, como a idade dos pacientes que desejam ter filhos. A tendência é dar prioridade a mulheres de mais de 35 anos.

¿ A partir dessa idade, a mulher passa a ter uma queda significativa do número de óvulos e a gravidez vai ficando mais difícil ¿ diz a ginecologista Hitomi Miura, especialista em fertilização e integrante do grupo de trabalho.

A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana estima que quase 2 milhões de brasileiras tenham problemas que impedem a gravidez. Hoje, o tratamento está disponível em alguns hospitais universitários, mas as vagas são poucas.

¿ Uma boa parte da população está excluída ¿ disse Maria José Oliveira Araújo, coordenadora técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde.

O primeiro método artificial de reprodução a chegar na rede do SUS deve ser a inseminação artificial, a mais barata entre as técnicas utilizadas. Na rede privada, esse tratamento custa de R$2 mil a 3 mil. Mas o projeto do governo prevê também a oferta de tecnologias mais avançadas, como a fertilização in vitro, em que a fecundação é feita em laboratório. Essa técnica, destinada a casais que já tentaram, sem sucesso, outros tratamentos chega a custar R$10 mil nas clínicas particulares.

É por meio da fertilização in vitro que o governo planeja atender casais portadores de HIV. Com acompanhamento de infectologistas, a tecnologia permite que pais com Aids tenham filhos sem a doença.