Título: DIRCEU DESISTE DE DISPUTAR ELEIÇÃO PARA CONTINUAR NO GOVERNO ATÉ O FIM
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Fonte: O Globo, 11/02/2005, O País, p. 4

O chefe da Casa Civil, José Dirceu, comunicou recentemente a integrantes do governo, dirigentes do PT e ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua intenção de permanecer no governo e não concorrer em 2006 a um novo mandato de deputado federal. A iniciativa de Dirceu vai ao encontro ao desejo de Lula, que não quer que ele e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, saiam do governo. Os ministros que desejarem concorrer a novo cargo eletivo ano que vem terão que deixar o cargo em abril, seis meses antes das eleições.

Os cargos de Dirceu e Palocci são considerados estratégicos por Lula. A permanência do chefe da Casa Civil é vista como demonstração de que Dirceu recuperou o prestígio junto ao presidente, abalado há um ano, quando estourou o caso Waldomiro Diniz, então assessor do Palácio do Planalto, flagrado cobrando propina do bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Dirceu deve assumir coordenação da reeleição

Dirceu e Palocci são os dois ministros políticos com lugar garantido até o fim de 2006 e num segundo governo de Lula, caso o presidente seja reeleito. O primeiro com quem Lula conversou e assegurou a permanência foi Palocci. Em 2006, Dirceu deve assumir, informalmente, a coordenação da campanha pela reeleição de Lula. Foi com esse argumento que Lula manifestou a Dirceu o desejo de que ele não disputasse cargo eletivo.

¿ O Lula quer Dirceu no governo. Ficaria muito complicado ele sair para depois voltar, sendo a Casa Civil um cargo estratégico. Isso mostra que recuperou o prestígio junto ao presidente. Caso contrário, seria uma boa oportunidade para Lula descartar Dirceu ¿ observou um ministro petista com bom trânsito no Planalto.

Segundo amigos, Dirceu planejava disputar a reeleição para deputado federal e pretendia ser o mais votado de São Paulo. A decisão de ficar no governo alivia um pouco o clima beligerante em São Paulo. Ele também era um potencial candidato ao governo paulista, apesar de ter garantido desde o ano passado que não concorreria ao cargo, também ambicionado pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha, e pela ex-prefeita Marta Suplicy.

Ontem, por meio de sua assessoria, Dirceu disse que só tratará de eleição ano que vem. E que a decisão será do PT e do presidente Lula.