Título: FIESP COBRA MUDANÇAS NO CÂMBIO
Autor:
Fonte: O Globo, 11/02/2005, Economia, p. 20

Motor da economia no ano passado, as exportações serão afetadas pela atual taxa de câmbio, considerada desinteressante pelos exportações. A avaliação é da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que ontem divulgou estudo para cobrar outra vez novas intervenções do Banco Central no mercado.

De acordo com o levantamento, que usou dados do Ipea (vinculado ao Ministério do Planejamento) e do Fundo Monetário Internacional, o real acumulou valorização de 16,4% frente ao dólar entre maio de 2004 e janeiro deste ano. Foi a segunda maior variação numa lista de 28 países, só atrás do zloti polonês (com alta de 18,4%). A valorização média ficou em 8%. A Fiesp diz que, se o real tivesse acompanhado essa média mundial, a cotação do dólar deveria ser hoje de pelo menos R$2,86 (a cotação de fechamento ontem não passou de R$2,61).

- O câmbio no nível atual é desestimulante para as vendas externas. Há empresas que estão pagando para honrar compromissos de exportação assumidos quando o dólar estava acima de R$3, patamar muito razoável, pois permite a exportação com rentabilidade. Se a atual relação real/dólar permanecer, muitas empresas deixarão de exportar - disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Deflacionando os dados disponíveis pelo Índice de Preços do Atacado (IPA), a Fiesp afirma que o câmbio voltou aos níveis de 1997 - "quando o país teve déficit comercial superior a US$6 bilhões". Os empresários paulistas reclamam também da grande volatilidade do real frente ao dólar. A diferença entre o valor máximo e mínimo do real desde 2000 chega a 22%, contra média de 11% entre nove países.

Pesquisa recente feita entre economistas de bancos mostra que a taxa de câmbio prevista para dezembro de 2005 é de R$2,87.