Título: Militantes do MST são presos em Pernambuco
Autor: Letícia Lins
Fonte: O Globo, 17/02/2005, O País, p. 9

Cinco militantes do MST foram presos pela Polícia Militar anteontem à noite no assentamento Bananeiras, em Quipapá (PE), e levados para o presídio de Palmares. Eles são suspeitos de matar o soldado PM José Luís Pereira da Silva, no dia 5, e de manter um sargento em cárcere privado por seis horas.

As prisões temporárias foram decretadas pela juíza do município, Aline Cardoso dos Santos, atendendo a pedido do Ministério Público. Os presos são Antônio Pedro da Silva; José Wellington de Souza Filho, o Zé Doido; José Fagner da Silva, o Cuca; José Luiz Alexandre e José Fábio da Silva, o Fabinho.

Policiais estavam à paisana em assentamento

Segundo o Ministério Público, eles teriam ajudado o ex secretário do MST José Ricardo Rodrigues a matar o PM, assim como a manter em cárcere privado o sargento Cícero da Silva. Os dois e mais um terceiro soldado, Adilson Alves Aroeira, estavam à paisana no assentamento, segundo a PM, para investigar Ricardo, suspeito de envolvimento em roubo de cargas, agressões e uso ilegal de armas.

Ricardo foi desligado do MST em novembro, segundo o coordenador regional do movimento, Jaime Amorim. Mesmo assim, ele liderava os assentados de Bananeiras e teria organizado à reação aos policiais. Só Aroeira conseguiu fugir e pediu socorro ao comando do 10ª Batalhão da PM, em Palmares.

Ontem, a superintendente regional do Incra, Maria de Oliveira, propôs a convocação do Exército para desarmar o campo e combater o crime organizado em acampamentos de sem-terra e em assentamentos já oficializados pela autarquia em Pernambuco. Ela disse que vai defender essa posição na Ouvidoria Agrária Nacional do Incra. Maria passou o dia no assentamento Bananeiras:

- Não estou defendendo intervenção em Pernambuco. Estou apenas pedindo reforço. As polícias Federal, Militar e Civil têm agido, mas não têm mostrado eficiência no combate ao crime organizado. Precisamos do Exército em áreas de reforma agrária, onde as pessoas continuam se matando e morrendo. O Brasil tem Forças Armadas e elas devem ser acionadas quando preciso. Se estamos precisando, por que não pedir?

Força-tarefa do Incra fez levantamento da situação

Maria foi a Quipapá observar a situação em Bananeiras. Ontem, quando uma força-tarefa do Incra fazia o levantamento da situação no assentamento, que tem 44 lotes, surgiu um grupo de policiais militares e civis. Eles foram cumprir um mandado de apreensão e busca emitido pela Justiça em Quipapá. A equipe do Incra constatou dois lotes irregulares - ocupados por terceiros, inclusive por parentes de um dos acusados - mas não pôde concluir o trabalho.

Ontem, o Ministério Público começou a investigar o assentamento Guabiraba/Gulandi, que recebeu verbas para construção de 59 casas mas só 19 foram concluídas. O Coordenador do MST, Jaime Amorim,reconheceu ontem que houve falhas no assentamento.