Título: ISRAEL LAMENTA FICAR FORA DO ROTEIRO DE AMORIM
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Fonte: O Globo, 19/02/2005, O Mundo, p. 30

A viagem ao Oriente Médio do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, gerou polêmica ontem nos meios diplomáticos da região. O governo israelense lamentou ontem não ter sido incluído no roteiro. Amorim já esteve em Amã, com autoridades da Jordânia, e em Ramallah, com os dirigentes da Autoridade Nacional Palestina.

Hoje, o chanceler brasileiro irá à Síria para uma audiência com o presidente Bashar al-Assad e a um encontro com o chanceler Faruq al-Sharaa. O encontro pode render nova polêmica, já que a Síria está sob forte pressão dos EUA para retirar suas tropas do Líbano depois do assassinato, ainda não esclarecido, do ex-premier Rafik Hariri. A Síria é apontada como aliada de grupos radicais islâmicos e de abrigar seus líderes.

Ontem, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, em entrevista à BBC Brasil, reclamou que o governo brasileiro só estaria ouvindo um lado no processo de paz.

¿ Estamos surpresos porque o governo brasileiro quer tomar parte no processo de paz que já estamos discutindo com os palestinos. Mas eles falam só com um lado ¿ disse Ilan Sztulman, do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

No Itamaraty os comentários foram recebidos com estranheza. Diplomatas brasileiros argumentam que o ministro visita o mundo árabe com o principal objetivo de convidar os chefes de Estado para a reunião América do Sul-Países Árabes.

¿ O motivo da viagem não é discutir o processo de paz. O ministro trata também do seqüestro do engenheiro João José Vasconcellos Júnior no Iraque. Não há problema algum nas relações entre Brasil e Israel ¿ disse um diplomata brasileiro.

O Itamaraty lembrou que no dia 7 de março o vice-primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, virá ao Brasil.