Título: JOÃO PAULO DEVE SER LÍDER DO GOVERNO
Autor:
Fonte: O Globo, 20/02/2005, O País, p. 9

O futuro do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) ainda é incerto. O ex-presidente da Câmara quer ser ministro, mas o mais provável é que sobre para ele o cargo de líder do governo na Câmara. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo aliados, examina esta possibilidade com cuidado, pois teme que ele dê continuidade à guerra de setores do PT contra o ministro da Coordenação Política.

¿ Se o Palácio continuar dividido (entre Aldo Rebelo e José Dirceu), a base continuará se dividindo. Dirceu continua fazendo articulação política. Vai ficar esta sobreposição? Não queremos mais ficar reféns das contradições do PT e nem quero ser pautado pela crise de articulação política ¿ diz o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ).

Na quarta-feira, na eleição do primeiro-vice-presidente da Câmara, o governo se dividiu. O ministro da Coordenação Política apostou na saída institucional, com a escolha do candidato oficial do PFL, José Thomaz Nonô (AL). Mas o ministro Dirceu tentou atropelar e fechou acordo com o novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, às 22h da terça, para eleger César Bandeira (PFL-MA), candidato avulso que tinha apoio do ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Foram derrotados em plenário.

Na reunião de líderes, o episódio provocou bate-boca entre os líderes do PP, José Janene (PR), e do PT, Arlindo Chinaglia (SP).

¿ Não venha com esse discurso de que a base aliada não respeitou a proporcionalidade. Vocês não defendem uma saída institucional! Se fosse assim o ministro Dirceu não ligaria para mim pedindo apoio do PP para o Bandeira ¿ disse Janene.

A derrota do candidato do governo na Câmara e a discórdia entre petistas e membros da base aliada, segundo um integrante do governo, devem atrasar em pelo menos duas semanas a reforma ministerial. Seu formato está sendo disputado entre aliados e petistas, que querem uma base do governo mais enxuta e fiel. Alguns defendem até uma redução da presença do PMDB no governo.

¿ O problema é que os ministros aliados, que recebem cargos, não estão distribuindo espaço para suas bancadas ¿ diz um ministro petista, fazendo coro às críticas que o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, está recebendo no PMDB.