Título: CORREGEDOR TEM PROCESSO NO STF
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Fonte: O Globo, 20/02/2005, O País, p. 13

novo segundo-vice-presidente e corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), cuja função é encaminhar à Mesa Diretora pedidos de abertura de processos contra deputados por falta de decoro, está sendo processado no Supremo Tribunal Federal (STF) por prevaricação. Segundo denúncia encaminhada pelo procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, Ciro teria permitido a permanência de ex-deputados em apartamentos funcionais da Câmara. E também acomodado professores nos imóveis.

Além disso, como corregedor e membro da Mesa, terá que decidir se enviará ou não ao Conselho de Ética o pedido de cassação de mandato do presidente nacional de seu partido, Pedro Corrêa (PE), além de analisar processo contra o líder da bancada do PP, José Janene (PR).

Capixaba considera indícios contra Corrêa frágeis

O processo de Corrêa ¿ acusado de envolvimento com quadrilhas de falsificadores de cigarros e combustíveis do país ¿- está pronto para ir à Mesa Diretora. O parecer do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), hoje no posto de segundo-secretário, considera frágeis os indícios contra o presidente do PP.

Ciro afirma que não irá engavetar processos por envolverem pessoas de seu partido e que se houver indícios irá recomendar a ida ao Conselho de Ética.

¿ São meus amigos, mas se tiver indícios, terão que responder. Mas são inocentes até que se prove o contrário ¿ diz.

No caso do processo que corre contra ele no Supremo, diz que optou por retirar os ex-deputados dos apartamentos de forma amigável. Conta que eram apenas 13 e que soube de casos em que a Câmara demorou nove anos para liberar os apartamentos porque partiu para briga judicial.

¿É absurdo me processar, eu estava economizando¿

Quanto à ocupação dos apartamentos por professores, garante que isso permitiu economia para a Câmara. Um convênio da Comissão de Educação para formação de professores previa o pagamento de diárias e, em vez disso, ele os acomodou em apartamentos vazios.

¿ É um absurdo me processar porque eu estava economizando. Faltou sintonia com o procurador Fonteles, mas acredito na Justiça ¿ diz Ciro.

Outro integrante da Mesa Diretora com processo no STF é o primeiro-secretário Inocêncio de Oliveira (PMDB-PE), acusado de exploração de trabalho escravo em suas fazendas.

¿ Isso é perseguição política. Já está provado que não pratiquei trabalho escravo ¿ defende-se Inocêncio.

A nova Mesa Diretora terá que analisar nove processos contra deputados já concluídos na gestão anterior. Entre eles está o caso de André Luiz (sem partido-RJ), acusado de cobrar propina do empresário de jogos Carlos Cachoeira para protegê-lo numa investigação.