Título: EM CARACAS, AGENDA DE PROTESTOS
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 30/01/2006, Economia, p. 19

Presença de Chávez irrita parte da cúpula do Fórum Social

CARACAS. O Fórum Social Mundial (FSM) terminou ontem em Caracas dividido entre o socialismo e o humanismo, mas fechado em torno de uma agenda que promete protestos em todas as cúpulas mundiais de líderes políticos e de organizações multilaterais. A idéia é montar contracúpulas em quase todos os encontros. Além disso, 2006 será o ano-chave contra a militarização promovida pelos Estados Unidos. Segundo o FSM, esta edição contou com 80 mil pessoas de 2.500 organizações.

O governo brasileiro, que lidera a Força de Paz das Nações Unidas no Haiti, será um dos alvos. Haverá protestos em 15 de fevereiro, quando a ONU vai votar a prorrogação da atual missão, e 29 de março, aniversário da Constituição do Haiti.

¿ Governos como o brasileiro, o argentino, o chileno e o uruguaio estão ajudando a plantar um programa de dominação dos EUA no Haiti ¿ disse a ativista da Rede Jubileu Beverly Keene.

Com relação à briga contra a militarização, Leo Gabriel, da coordenação do Fórum Social Europeu, disse que em 18 de março haverá uma manifestação mundial contra a guerra no Iraque. Também haverá protestos nas embaixadas americanas em 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Para setembro ¿ mês das reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) ¿ está sendo convocada uma Jornada Mundial de Ação Direta.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, era esperado no encerramento do FSM, mas sua participação foi desmarcada. Sua presença constante estava irritando muitos membros da cúpula do evento. Quando Chávez conclamou à formação de uma frente antiimperialista, imaginou-se que o FSM assumiria uma postura abertamente socialista. Mas muitas organizações que participam do movimento se alinham ao humanismo, defendendo a paz e a diversidade.