Título: TUCANOS SOBEM O TOM
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 01/02/2006, O País, p. 3

Alckmin e Serra seguem recomendação de FH e atacam corrupção no governo Lula

Menos de 24 horas depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conclamar o PSDB a explorar na eleição deste ano os escândalos de corrupção na esfera federal, os dois pré-candidatos do partido à sucessão presidencial subiram o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, endossaram a tese de que a crise política será uma bandeira tucanas contra adversários petistas.

¿ Não há razão para ficar fazendo suspense e nem segredinhos. Ele (Lula) se comporta como candidato. Agora, o problema é a urucubaca, que no caso dele é a falta de governo. Um governo que não funciona, que não tem projeto e é frouxo eticamente. Esse que é o problema ¿ disse Alckmin, para quem a eleição do PT desmistificou um partido que levantou a bandeira da moral.

Serra acrescentou que, ¿para quem prometeu o governo mais honesto da História¿, Lula terá de se explicar numa eventual campanha à reeleição sobre o envolvimento de petistas e membros do governo nas denúncias de corrupção.

Numa palestra anteontem, Fernando Henrique disse que o PSDB deve impor na campanha a discussão sobre corrupção no governo Lula. ¿A conversa deles é de que essa questão moral não conta mais. Conta, sim. Ladrão, não mais¿, disse o ex-presidente.

Esperanças serão cobradas, diz Serra

Para Serra, que ainda não anunciou se deixará a prefeitura para disputar a Presidência, o PSDB deve explorar a crise política como forma de rebater o governo ético prometido por Lula.

¿ É óbvio que numa campanha você tem que cobrar o cumprimento ou não das esperanças que foram despertadas em 2002. Isso é evidente. A agenda (de campanha) não é só programa de governo ¿ defendeu o prefeito.

Na sede do Tribunal de Contas do Estado, onde participou da posse do novo presidente, Alckmin lembrou que a bandeira da ética na política não é suficiente para um candidato se eleger. Mesmo assim, reforçou o discurso contra a corrupção no governo Lula:

¿ Acabou a bravata, acabou tirar coelho da cartola. A eleição do PT desmistificou muita coisa ¿ disse o governador.¿ A corrupção está mais do que provada.

O ex-presidente nacional do PSDB e pré-candidato do partido ao governo de São Paulo José Aníbal disse também enxergar ¿ladroagem¿ na administração de Lula.

¿ Eles (petistas) enriqueceram de uma hora para a outra. É claro que houve ladroagem ¿ disse.

Aécio critica excesso de propaganda

Em Belo Horizonte, o governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, criticou os investimentos em propaganda das obras do governo federal. Placas foram espalhadas em vários pontos do estado onde há aplicação de recursos da União, principalmente nas estradas.

¿ Acho natural investir nisso, mas o governo Lula tem batido recordes de investimentos em comunicação. Considero isso um excesso ¿ afirmou o governador.

Aécio também criticou o plano emergencial de recuperação das estradas federais, em andamento em vários estados brasileiros:

¿ A população vai saber julgar isso. Propaganda em excesso sem a contrapartida dos resultados, pode ser mais um tiro no pé do governo. Tem que se ter cuidado com isso. O presidente Lula está caminhando sobre uma linha muito tênue que separa as responsabilidades como governante e o palanque eleitoral.

COLABOROU Rafael Gomes