Título: FGV: NO PIOR JANEIRO EM SETE ANOS, INDÚSTRIA ESPERA RECUPERAÇÃO LENTA
Autor: Cássia Almeida e Mariza Louven
Fonte: O Globo, 01/02/2006, Economia, p. 20

Pesquisa da Firjan mostra que mais empresas deram férias coletivas

A Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou os empresários bastante pessimistas com a demanda atual, no pior janeiro captado pela pesquisa desde 1999. Somente 8% dos industriais consultados consideram forte a demanda, contra 23% daqueles que vêem a procura fraca.

¿ A indústria continua influenciada pelo aperto da política monetária, com aumento de juros. O setor também se ressentiu do real valorizado e da produção em queda no semestre passado ¿ explicou Aloisio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV.

A aposta dos empresários no futuro, no entanto, não é tão pessimista. Mesmo com um resultado abaixo de janeiro de 2005 (32%), 26% da indústria acreditam em melhora da demanda e da produção no primeiro trimestre deste ano:

¿ Os empresários estão cautelosos. Ajustaram os estoques e esperam crescer a produção, num ritmo moderado ¿ disse Campelo.

Empresários querem mais produção sem contratar

O ritmo moderado não permite, por exemplo, o crescimento do emprego. Apenas 16% dos 914 empresários ouvidos pretendem contratar mais entre janeiro e março. Enquanto 27% estão planejando diminuir o pessoal ocupado no mesmo período. Campelo acredita que o aumento de produção esperado pelos industriais virá pelo uso de horas extras ou da produtividade maior:

¿ A sondagem mostra que os empresários pretendem aumentar a produção, mas sem contratar.

O resultado das projeções para o emprego é o primeiro negativo desde 2003 e o pior desde janeiro de 1999.

Outro levantamento da indústria, desta vez só no Estado do Rio, captou o mesmo movimento. Mais de um terço das 139 empresas pesquisadas pela Federação das Indústrias do Rio (Firjan) deram férias coletivas no início do ano.

Enquanto na virada de 2004 para 2005, 28% estavam ou pretendiam entrar em férias coletivas no período de dezembro a fevereiro, este ano 34% pararam nesse período.