Título: NEGÓCIOS NO CINEMA
Autor: ELVIO GASPAR e MÁRIO DIAMANTE
Fonte: O Globo, 06/02/2006, Opiniao, p. 7

Os mecanismos públicos de fomento para o desenvolvimento do audiovisual brasileiro estão ativos: Prêmio Adicional de Renda, Seleção Pública de Obras Cinematográficas, Programa de Exportação do Audiovisual Brasileiro, Fomento para Finalização de Longas-Metragens, entre outros.

Um novo instrumento de fomento foi ativado no ano passado: os Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcines), regulamentados pela Agência Nacional de Cinema e pela Comissão de Valores Mobiliários. São fundos de risco para o financiamento da cadeia produtiva do cinema.

Este é o modelo de fomento desenhado pelo Ministério da Cultura, a que se incorporam, de forma ordenada, pró-ativa e coerente, o BNDES e outras instituições governamentais.

O primeiro estágio na cadeia de valor do cinema e do audiovisual abrange produção, distribuição e exibição em salas de cinema. Na etapa seguinte, abrem-se as portas do mercado audiovisual por meio da comercialização em vídeo sob demanda, homevideo, tv por assinatura e tv aberta, residindo, assim, na tela da sala de cinema, o ponto central do ciclo comercial do filme. Ciente disso, o BNDES mantém condições especiais para o financiamento de empreendimentos da exibição.

A distribuição é preocupação na expansão do filme brasileiro no mercado exibidor. Por ser uma atividade comercial, o BNDES passou a investir em Funcines focados na composição de carteiras de lançamento de filmes brasileiros que tenham força concorrencial no mercado nacional e internacional.

O financiamento de salas e o investimento em Funcines conformam uma política do BNDES desde 1995, com a compra de certificados do audiovisual. De lá para cá foram financiados 264 filmes, num total de R$80 milhões.

Visando a maior qualificação da análise de projetos, a comissão de seleção foi ampliada. Também foi viabilizada a apresentação dos projetos pré-selecionados perante a comissão de seleção ¿ procedimento comum no mercado e prática corrente no BNDES.

Os investimentos do BNDES decorrentes da Seleção Pública de Projetos Cinematográficos/2005 proporcionarão: 1. a finalização ¿ e o conseqüente lançamento comercial ¿ de filmes em fase de pós-produção; 2. a complementação do valor necessário para o início das filmagens ou a integralização dos orçamentos; e, 3. a alavancagem de projetos em início de captação do financiamento. O atual processo de seleção gerou a otimização dos valores aplicados nos projetos selecionados, possibilitando a redução do período de captação de recursos e do prazo de realização dos filmes apoiados.

O resultado espelha os critérios, os cuidados na seleção e a qualidade da cinematografia brasileira contemporânea. O conjunto de filmes contemplados pelo BNDES aponta para o equilíbrio entre filmes de potencial comercial e de caráter cultural, além de abrangerem todos os gêneros da arte cinematográfica.

ELVIO GASPAR é chefe de gabinete da presidência do BNDES e MÁRIO DIAMANTE é assessor de cultura da presidência do BNDES.