Título: NAS FEDERAIS DO RIO, DIRIGENTES DIVIDIDOS
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 10/02/2006, O PAÍS, p. 3

Reitor da UFF é contra reserva obrigatória de vagas; pró-reitora da UNI-Rio aprova

O projeto que cria o sistema de cotas nas universidades federais divide os dirigentes de instituições do Rio. Enquanto o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cícero Fialho, é contra a obrigatoriedade da reserva de 50% das vagas para estudantes de escolas públicas, a pró-reitora de graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-Rio), Nilci Guimarães, aprova a medida. Para o reitor da UFF, as cotas não são a melhor forma de incluir alunos de baixa renda no ensino superior. ¿ Existem outras maneiras de se beneficiar este grupo. Por exemplo, investindo em pré-vestibulares sociais gratuitos e cursos no interior dos estados, além de abrir mais vagas nos cursos noturnos das universidades, grande parte freqüentada por alunos pobres que trabalham durante o dia ¿ diz Fialho.

Para reitor, cotistas podem ser discriminados pelos colegas

O reitor, que estudou em colégios públicos e teve bolsa de estudo nas particulares, destaca que a criação das cotas deveria ser acompanhada de maior investimento na melhoria da qualidade dos ensinos fundamental e médio na rede pública. ¿ O perigo das cotas é que esses estudantes podem ter dificuldades em acompanhar o curso e ser discriminados pelos colegas. Defendo que a aprovação seja pelo mérito do aluno e não pelo privilégio da reserva de vagas ¿ afirma. Na opinião da pró-reitora de graduação da UNI-Rio, o projeto das cotas é válido como uma medida emergencial. ¿ Sou a favor do sistema, mas ele tem que ser acompanhado por uma evolução qualitativa do ensino público anterior à universidade. Para isso, é necessário mobilizar o governo, as universidades e os responsáveis pelas escolas. Os dois dirigentes concordam que não é possível ter sucesso com o sistema de cotas se os alunos não tiverem ajuda de custo. ¿ É preciso criar bolsas de permanência para que os estudantes não desistam dos estudos no meio do curso ¿ defende Nilci.