Título: COMÉRCIO EXTERIOR FAZ DÓLAR RECUAR PARA R$ 2,138
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 15/02/2006, ECONOMIA, p. 23

Cotação é a menor desde março de 2001. Perspectiva de incentivo a investimento estrangeiro também contribuiu

O dólar teve ontem o quinto dia consecutivo de queda e, pela primeira vez desde março de 2001, foi negociado abaixo de R$2,15. A moeda americana caiu 0,74% e fechou em R$2,138, a menor cotação desde 28 de março de 2001 (R$2,127). No início daquele ano, o dólar era negociado na faixa de R$1,95. Em apenas cinco dias, o dólar já recuou 2,29%. A valorização do real frente à moeda americana foi causada pela combinação de venda de dólares por parte de exportadores, juros altos - que atraem investidores externos em busca de ganhos maiores - e perspectiva de adoção de incentivos fiscais para investidores estrangeiros, que está em estudo pelo governo e elevaria ainda mais a oferta da divisa no país. Para analistas, o ritmo de queda só poderia ser reduzido ou mesmo interrompido se o Banco Central (BC) adotasse medidas drásticas para conter a alta do real, que caminha para a casa dos R$2. - Especula-se que, para manter o elevado saldo de exportações, o governo poderia impor limites para a posição vendida (quanto maior essa posição, maior a tendência de desvalorização da moeda) dos bancos, que dá a medida das apostas numa queda do dólar. No fim de janeiro, o volume dessas operações já ultrapassava US$4,5 bilhões, um nível bastante elevado - avalia Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação. Outra medida apontada pelo mercado seria a aceleração do ritmo de queda dos juros básicos (hoje em 17,25% ao ano). Com taxas mais baixas, investidores reduziriam as vendas de dólares para aplicar em juros, como tem ocorrido nos últimos meses.

Bolsa sobe 1,42% e risco-Brasil cai 0,87%

Após subir 1,33% na véspera, o risco-Brasil, indicador da confiança dos investidores estrangeiros na economia do país, voltou a recuar, se aproximando das mínimas históricas (255 pontos centesimais, registrados no início do mês). A queda das cotações do petróleo no mercado internacional ajudou a trazer de volta o otimismo dos investidores. Ontem, o risco caiu 0,87%, para 227 pontos centesimais. O Global 40, título brasileiro mais negociado no exterior, avançou 0,14%, para 132,03% do valor de face. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1,42%, puxada pelas ações do setor elétrico.