Título: A batalha no PMDB
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 13/03/2006, O GLOBO, p. 2

A existência de uma candidatura do PMDB à Presidência passa por seu primeiro teste de fogo esta semana. Os adversários da candidatura própria, os de sempre e os novos, vão tentar cancelar as prévias em reunião da Executiva que está prevista para quarta-feira. Do resultado desse embate, dizem muitos políticos, dependerá se a eleição será decidida ou não em um único turno de votação.

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), tenta reagir à manobra comandada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), pelo líder no Senado, Ney Suassuna (PB) e pelo senador José Sarney (AP). Este grupo sempre defendeu uma aliança para apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas agora, por conveniência regional, quer que o partido não tenha candidato. Hoje Temer reunirá em Brasília os pré-candidatos Germano Rigotto (RS) e Anthony Garotinho (RJ), e os três se somarão nas articulações para impedir que os adversários da candidatura consigam nove votos na Executiva para fulminar as prévias. Também em decorrência de política regional, uma banda da oposição que fazia profissão de fé na candidatura própria, como o presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), quer o partido fora da sucessão presidencial. O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, que não terá a seu lado nem tucanos nem petistas na campanha pela sua reeleição, diz que são golpistas os que querem cancelar as prévias. Essa guerra não se esgotará na batalha dessa semana e será travada até a convenção de junho.

O PT e o PSDB apostam na polarização e estão convencidos de que vencem as eleições de outubro. Por isso, querem o PMDB sem candidato, criando condições para que o pleito adquira um caráter plebiscitário e seja decidido no primeiro turno. Sem o PMDB na corrida presidencial, tucanos e petistas não acreditam que a senadora Heloísa Helena (AL), provável candidata do PSOL, e o deputado Enéas, do Prona, tenham percentuais de votação elevados ao ponto de levar as eleições para o segundo turno. As duas candidaturas seriam esvaziadas pelo voto útil produzido pela polarização. Sem o PMDB, tucanos e petistas garantem que a opção dos eleitores será dar um novo mandato a Lula ou entregar o poder para a oposição.