Título: ECONOMISTAS CRITICAM TAXAS ALTAS DE JUROS MAS VÊEM MELHORA NA ECONOMIA
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 18/03/2006, ECONOMIA, p. 31

BNDES estudará setores estratégicos para inserir Brasil no exterior

Reunidos para evocar o legado do ex-ministro Celso Furtado, economistas desenvolvimentistas criticaram ontem os juros altos fixados pelo Banco Central, mas reconheceram melhoras no ambiente macroeconômico do país e apontaram diferentes caminhos para o país se reencontrar com o crescimento acelerado. Para Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, é preciso adotar controles nos fluxos de capital. Antonio Barros de Castro, diretor de Planejamento do banco, acredita no potencial de setores estratégicos do país. E a professora Maria da Conceição Tavares vê o Brasil começando a eliminar sua vulnerabilidade externa. Eles lançaram ontem, junto com outros economistas, o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, uma homenagem ao ex-ministro do Planejamento e da Cultura, falecido em 2004.

Lessa: ¿país faz política pró rentismo em escala cósmica¿

Barros de Castro informou que o BNDES inaugurou esta semana um Comitê de Estudos Estratégicos, que estudará oportunidades para o Brasil frente às mudanças tecnológicas que ocorreram no mundo. A questão-chave, defende o diretor do banco, é a inovação. Um setor estratégico que será estudado é a economia do etanol, adiantou Barros de Castro. ¿ Mas nada disso vai prevalecer se não houver oxigênio, se os juros forem estratosféricos ¿ disse Barros de Castro, acrescentando porém que o país tem hoje o melhor ambiente macroeconômico dos últimos 25 anos. Carlos Lessa também criticou os juros altos, a quem culpa pelo fraco desempenho da economia. Lessa destacou que com a taxa média de crescimento dos três primeiros anos do governo Lula ¿ 2,58% ao ano ¿ levará mais de um século para que a renda per capita do país dobre. ¿ É uma política pró rentismo (renda de juros) em escala cósmica ¿ disse Lessa. A professora da UFRJ Maria da Conceição Tavares, que será presidente acadêmica do Centro Celso Furtado, disse que é preciso reavaliar as políticas da década de 90. Conceição acredita que só agora o país começa a resolver o que Celso Furtado chamou de restrição externa ao crescimento: ¿ Estamos agora diminuindo drasticamente a dívida externa, temos superávit no balanço de pagamentos.