Título: INQUÉRITO SOBRE ROUBO DE FUZIS INDICIA QUATRO
Autor: Antônio Werneck
Fonte: O Globo, 04/04/2006, Rio, p. 16

Sargento, dois ex-militares e um civil são acusados de invadirem quartel do Exército para roubar armas

Quatro pessoas estão entre os indiciados pelo Exército acusadas do roubo de 11 armas do Estabelecimento Central de Transporte (ECT), em São Cristóvão. Foram indiciados o ex-cabo Joelson Basílio da Silva; o ex-soldado Carlos Leandro de Souza; o sargento Humberto Freire; e um civil, que poderá ter sua prisão preventiva decreta nos próximos dias. O inquérito policial-militar (IPM) foi concluído e enviado ontem à Justiça Militar.

O juiz Marco Aurélio Petra de Mello, da 4 ªAuditoria Militar do Rio, explicou que o IPM será encaminhado hoje para o Ministério Público Militar, que terá, a partir de quarta-feira, cinco dias para oferecer denúncia.

O promotor Ailton José da Silva, do Ministério Público Militar do Rio, disse ontem que, embora o IPM tenha concluído pelo indiciamento de quatro pessoas, nada impede que outros militares possam ser indiciados.

¿ Vamos estudar juntamente com o juiz e o encarregado do IPM a possibilidade de indiciar, por omissão e negligência, outros militares que estavam no quartel no dia da invasão ¿ disse Aílton.

Um dos casos estudado é de um soldado que estava de guarda numa das guaritas do ECT. Primeiro a ser rendido, o militar é suspeito de negligência. Outro fato que está sendo estudado e que pode acarretar em mais indiciamentos é o fato de o comando do quartel não ter seguido a norma de trocar de local, após cada baixa, as armas usadas pelos militares do Corpo da Guarda.

¿ É uma orientação do Exército que foi descumprida ¿ disse um militar que participa das investigações.

Como O GLOBO noticiou, o ex-cabo Joelson Basílio da Silva e o ex-soldado Carlos Leandro de Souza, que estão presos na carceragem da Polinter, acusados de invadir o ECT do Exército, comentaram no início deste ano, com outros colegas do quartel, que não seria difícil entrar na unidade para roubar armas.

¿- É molinho, molinho invadir isso aqui. Fácil, fácil ¿ chegou a dizer o ex-cabo Joelson, ao saber que, depois de quatro anos servindo no ECT, seria dispensado pelo comando da unidade por mau comportamento.

A declaração teve o apoio do ex-soldado e consta do depoimento, anexado ao IPM, prestado por dois militares do quartel. Joelson e Carlos saíram do ECT na baixa de 28 de fevereiro contra a vontade deles ¿ o assalto aconteceu três dias depois.