Título: GÁS É COMBUSTÍVEL PARA TENSÃO POLÍTICA
Autor: Eliane Oliveira e Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 04/04/2006, Economia, p. 21

Dona da segunda maior reserva de gás natural da América Latina, a Bolívia tem no combustível um dos pilares de sua economia. No entanto, em anos recentes, as reservas bolivianas se tornaram o tema central da retórica nacionalista adotada pela maioria dos políticos do país.

Em outubro de 2003, a população enfurecida nas ruas derrubou o governo do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, que tentava aprovar a exportação de gás natural para os EUA. Em seu lugar assume Carlos Mesa. Em sua gestão, os bolivianos participam de um plebiscito, afirmando que são a favor das exportações do produto, mas querem que o governo eleve o custo dos royalties e nacionalize algumas reservas, consideradas estratégicas.

Por pressão do então líder cocaleiro e atual presidente da República, Evo Morales, Mesa aprovou, em meados do ano passado, uma nova lei regulando o setor, na qual os royalties foram elevados para 32% e os impostos, para 18%. Morales defendia um aumento para 50% e 32%, respectivamente.

Mesa é derrubado e Evo Morales vence as eleições defendendo em campanha a nacionalização das refinarias da Petrobras. A Petrobras controla cerca de 45% dos campos de gás da Bolívia e possui as duas maiores refinarias no país. Após sua eleição, Morales adotou um tom mais ameno, mas preocupam a Petrobras os planos de nacionalização do setor que serão anunciados até o fim de abril.