Título: EX-ASSESSOR DE CHENEY DIZ QUE BUSH AUTORIZOU VAZAMENTO DE INFORMAÇÃO
Autor: William Branigim
Fonte: O Globo, 07/04/2006, O Mundo, p. 49

Alvo de 5 acusações federais, Libby alega que não entregou espiã da CIA

WASHINGTON. Um ex-assessor próximo do vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, disse a um grande júri federal que investiga o vazamento da identidade da agente Valerie Plame, da Agência Central de Inteligência (CIA), que o presidente George W. Bush autorizou-o a revelar informação secreta sobre o Iraque para rebater as críticas do marido dela. A informação está em documentos judiciais.

Entretanto, Lewis Libby, ex-chefe de Gabinete de Cheney, testemunhou que embora tenha dado à repórter Judith Miller, do jornal ¿New York Times¿, informação secreta numa conversa em julho de 2003 com a aprovação do presidente, não revelou a identidade de Plame. As referências ao suposto papel de Bush no caso estão num documento de 39 páginas encaminhado pelo promotor especial Patrick Fitzgerald ao juiz do caso Libby e divulgado ontem.

O ex-assessor de Cheney foi indiciado em outubro por cinco acusações de obstrução de Justiça, perjúrio e prestação de falso testemunho a investigadores federais em conexão com um inquérito sobre o vazamento da identidade de Valerie Plame. Como presidente, Bush tem a autoridade para tornar pública informação confidencial de inteligência, mas tanto ele como Cheney têm criticado repetidamente o vazamento de inteligência para a imprensa, e o governo ordenou uma investigação sobre informações confidenciais passadas para a mídia a respeito de um programa de bisbilhotice da Agência de Segurança Nacional e da existência de prisões secretas da CIA para suspeitos de terrorismo.

Fitzgerald observa que alguns documentos ¿refletem um plano para desacreditar, punir ou buscar vingança contra¿ Joseph Wilson, ex-diplomata e marido de Plame que acusou o governo de exagerar a ameaça de Saddam Hussein para justificar a invasão do Iraque. A oposição democrata quer explicações de Bush.