Título: Governo ainda busca alternativas de socorro que dêem sobrevida à Varig
Autor: Geralda Doca e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 13/04/2006, Economia, p. 24

Uma das opções é a prorrogação de prazos para pagar credores públicos

BRASÍLIA. Mesmo com o discurso afinado de que não haverá dinheiro público para salvar a Varig, integrantes do governo trabalham nos bastidores em busca de alternativas para dar uma sobrevida à companhia e, com isso, evitar sua falência num ano eleitoral. Uma frente de atuação é ajudar a empresa indiretamente, por meio do BNDES, que poderá financiar investidores interessados em aplicar na companhia, desde que ofereçam garantias - o banco não comenta se houve pedido de financiamento ou orientação do governo. Outra está sendo tocada junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público.

A intenção é buscar apoio desses órgãos fiscalizadores para autorizar a adoção de um prazo de carência de pagamento aos credores públicos. A Varig deve R$500 milhões à Infraero e R$56 milhões à BR Distribuidora. Além disso, parte do que tem de pagar às estatais é diariamente, obrigação para a qual a empresa não tem fluxo de caixa.

A ajuda do BNDES seria dada dentro da proposta do plano de recuperação, aprovado em dezembro, que prevê a criação de fundos de investimentos e participações. Perguntado se o BNDES poderá financiar futuros investidores interessados na Varig, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem simplesmente:

- Pode.

A avaliação, no entanto, é que qualquer medida a ser tomada pelo Executivo terá de ser dentro do plano de recuperação judicial da Varig, e portanto, terá que contar com a aprovação da Justiça do Rio. Anteontem, a direção da Infraero, numa reunião com o presidente do TCU, ministro Adylson Motta, levantou a questão e recebeu do ministro a promessa de que o órgão não será obstáculo a uma solução para a Varig.