Título: DILMA CRITICA GESTÃO DA VARIG E VOLTA A DESCARTAR AJUDA DO GOVERNO À EMPRESA
Autor: Ricardo Galhardo e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 20/04/2006, Economia, p. 27

Segundo a ministra, não se pode fazer generosidade com dinheiro público

OSÓRIO (RS) e RIO. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, descartou ontem a possibilidade de o governo liberar verbas para socorrer a Varig. Dilma criticou diretamente a gestão da Fundação Ruben Berta na empresa e disse que liberar dinheiro para a Varig agora só aprofundaria a crise.

¿ O governo não pode fazer generosidade com dinheiro público ¿ disse Dilma, depois de uma visita ao complexo de geração de energia eólica de Osório (RS). ¿ A Varig esbarrou em uma impenetrável barreira que consiste em uma característica muito peculiar da Fundação Rubem Berta, que sem dúvida nenhuma teve problemas públicos e notórios de gestão.

Segundo a ministra, a previsão de déficit operacional da Varig este ano é de R$1 bilhão.

Dilma afirmou que se aparecer algum grupo interessado em comprar a Varig, oferecendo garantias, o governo liberar financiamento do BNDES. Ontem, o presidente-executivo da TAP, Fernando Pinto, disse à imprensa portuguesa que a companhia continua interessada em adquirir a Varig, mas só após sua reestruturação. A TAP e a Star Alliance (aliança de companhias aéreas, incluindo a Varig, que compartilham vôos) afirmaram que têm planos de contingência para atender à demanda de passageiros, caso a empresa brasileira se veja obrigada a interromper seus serviços.

Dilma lembrou que o governo é o maior credor da Varig ¿ tem a receber 60% da dívida de R$8,5 bilhões. O não pagamento das dívidas vencidas faz parte do acordo firmado entre a Varig e a Justiça quando a empresa se enquadrou na nova Lei de Falências. A ministra descartou a possibilidade de a BR vender combustível à Varig a prazo sem garantias:

¿ Por que ela não pede isso à Shell, que fornece 25% do combustível da Varig?

Dilma disse que o governo tem interesse em preservar a marca Varig, garantir o maior número possível de empregos e evitar a paralisação da empresa. Em Porto Alegre, centenas de funcionários da Varig protestaram em frente a um hospital que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deve liberar a venda da VarigLog à Volo Brasil (do fundo americano Matlin Patterson e de investidores brasileiros) assim que receber uma certidão negativa de débito com o INSS que está pendente. A Anac deu prazo de 15 dias, a contar de ontem, para a Volo entregar o documento. A Volo informou que o documento seria entregue em 48 horas. Segundo o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, a agência não autorizou ainda a compra por causa da falta do documento:

¿ Quando recebermos, vamos nos reunir de novo e dizer que está autorizado.

Para o presidente da Anac, a Volo tem pelo menos 80% do capital nas mãos de brasileiros, como manda a lei. A Volo fez uma proposta de compra da Varig por US$400 milhões, que deve ser votada pelos credores em maio.

(*) Enviado especial