Título: DÓLAR ATINGE R$2,06 E BOLSA BATE NOVO RECORDE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 03/05/2006, Economia, p. 27

Fluxo de estrangeiros faz moeda americana cair 1,34%. Risco-Brasil também tem nível histórico: 214 pontos

A forte entrada de recursos estrangeiros no país devido à expectativa de que o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos esteja próximo do fim empurrou a cotação do dólar para perto dos R$2,05. A moeda americana caiu pelo quarto dia útil consecutivo ¿ 1,34% apenas ontem ¿ e encerrou os negócios a R$2,06. Na mínima do dia, chegou a valer R$2,058. O Banco Central (BC) aumentou a carga no leilão diário de compra de moeda à vista: adquiriu dólares a R$2,074, aceitando propostas de 22 instituições, bem mais que as seis da última sexta-feira.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e o risco-Brasil acompanharam o clima positivo e registraram novo recorde histórico. A Bolsa subiu 1,62%, atingindo o patamar inédito de 41.016 pontos. Já o risco-Brasil caiu 1,38%, para 214 pontos centesimais, estabelecendo nova mínima desde que o indicador começou a ser calculado, em abril de 1994.

Com os juros americanos próximos da estabilidade, os investidores tendem a buscar um ganho adicional em ativos de mercados emergentes, considerados bem mais arriscados. É isso que tem justificado a forte queda do dólar e os recordes seguidos da Bolsa nas últimas semanas.

¿ Além disso, na semana passada, em função do feriado prolongado, os investidores ficaram mais cautelosos e algumas tesourarias de bancos compraram mais dólares. Hoje (ontem), diante da tranqüilidade dos cenários interno e externo, venderam moeda, o que fez a cotação do dólar recuar fortemente ¿ avalia José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação.

Régis Abreu, diretor de Renda Variável da Mercatto Gestão de Recursos, explica que, na Bolsa, a forte alta nos preços das commodities no mercado internacional impulsionou os ganhos de empresas dos setores de mineração, alimentos e petróleo. Entre os destaques de alta do dia ficaram as ações de Perdigão (6,55%), Vale do Rio Doce (4,65%) e Petrobras (3,41%).

¿ A manutenção do preço das commodities em patamares elevados vem beneficiando as ações de empresas brasileiras exportadoras de minério e petróleo, por exemplo. Além disso, com o preço do petróleo próximo dos US$75, os papéis da Petrobras, uma das líderes da Bolsa, continuam gerando altas consecutivas para a Bovespa ¿ avalia Abreu, da Mercatto.

De acordo com o relatório ¿Focus¿ do BC, divulgado ontem, os analistas de cem instituições continuam revisando para baixo as expectativas de inflação, com o IPCA a 4,36% no fim deste ano, inferior ao cálculo anterior (de 4,42%) e à meta de inflação do governo para o período, de 4,50%.

Com isso, as taxas projetadas no mercado futuro de juros recuaram fortemente. Nos contratos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2008, os juros recuaram de 14,62% para 14,56% ao ano. Já nos com vencimento em janeiro do ano que vem, as taxas caíram de 14,78% para 14,74% ao ano.