Título: ANJ CRITICA PF POR NÃO PROTEGER REPÓRTER
Autor: Jailton de Carvalho, Maria Lima e Anselmo Carvalho
Fonte: O Globo, 06/05/2006, O País, p. 11

Entidade diz esperar que investigações esclareçam fatos e que culpados sejam punidos

BRASÍLIA. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota ontem criticando o comportamento da Polícia Federal no episódio da ameaça de morte de um jornalista do ¿Correio Braziliense¿ por envolvidos na fraude desvendada pela Operação Sanguessuga. A entidade afirma que a PF deveria ter assegurado, desde o ano passado, segurança para o jornalista.

¿A ANJ considera que as autoridades policiais têm a obrigação de garantir a segurança desse e qualquer outro profissional de jornalismo que esteja correndo risco em função do trabalho de levar informação ao público¿, afirma a entidade na nota.

A ANJ diz ainda esperar que as investigações esclareçam os fatos, pede a punição dos culpados e se diz muito preocupada com o comportamento da PF à época. ¿A preocupação é ainda maior diante do fato de que a Polícia Federal, mesmo tendo conhecimento do fato desde o final do ano passado, não tomou nenhuma providência no sentido de assegurar a integridade física do jornalista¿.

Num dos diálogos gravados com autorização judicial, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que seria o chefe da organização, combina com Francisco Machado Filho, assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), a morte de um jornalista do ¿Correio¿. A conversa ocorreu no dia 23 de dezembro do ano passado.

Delegado minimiza ameaças ao jornalista

O delegado Tardelli Boaventura, responsável pelo caso, minimizou ontem as ameaças ao jornalista. Ele disse que o diálogo entre os dois envolvidos na quadrilha que fraudava a compra de ambulâncias por prefeituras foi uma conversa isolada e em tom de brincadeira. Mas relatório da PF revela que o teor da conversa foi considerado grave. No interrogatório ontem em Cuiabá, Vedoin disse que só trataria do caso em juízo.

¿ Nós monitoramos o tempo inteiro, com atenção especial. Se houvesse algum risco, teríamos adotado as medidas de proteção. A conversa foi um ato isolado, em tom de brincadeira ¿ disse o delegado.

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, condenou as ameaças ao jornalista.