Título: CPI SOBRE EXECUÇÃO DE 12 INTEGRANTES DE FACÇÃO CRIMINOSA FOI ENGAVETADA
Autor: Germano Oliveira
Fonte: O Globo, 15/05/2006, O País, p. 11

Petistas criticam operação abafa na Assembléia Legislativa de SP

SÃO PAULO. A operação abafa deflagrada pelo governo na Assembléia Legislativa de São Paulo ¿ onde 70 CPIs não saíram do papel em 12 anos da administração do PSDB ¿ inclui o engavetamento de uma comissão que seria criada para apurar o papel da Secretaria de Segurança Pública na morte, em março de 2002, de 12 integrantes da facção criminosa responsabilizada pelos atentados deste fim de semana. Um mês depois do crime, o PT entrou com pedido de CPI para apurar a conduta da polícia na ação, mas a ala governista impediu a investigação.

Na época, o governo foi posto em suspeição e a polícia criticada por ter exterminado assaltantes numa ação que, segundo especialistas, poderia ter resultado na prisão do grupo. Abordados pela polícia na rodovia Castelo Branco, cem homens em helicópteros e viaturas fuzilaram os assaltantes com 61 tiros à queima-roupa quando estavam dentro de um ônibus.

Os disparos, segundo laudos necroscópicos, causaram lesões em membros superiores, inclusive no antebraço, o que indica que as vítimas estariam em posição de defesa. Nenhum policial foi ferido.

¿ Eles engavetaram a CPI porque a linha geral do governo é evitar que o governo seja investigado, em qualquer circunstância. E esse governo sabe que tem culpa no cartório no episódio ¿ disse o líder do PT na Assembléia, Ítalo Cardoso.

Em dezembro de 2003, o Ministério Público de São Paulo denunciou os policiais envolvidos sob a acusação de homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, meio cruel e emboscada. Dos 53 policiais denunciados, dez são PMs, mas nenhum foi afastado.

O líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido (PSDB), rebateu as críticas dizendo que o governo fez certo ao evitar a instalação da CPI já que, segundo ele, os responsáveis pela operação prestaram depoimento na época. Para ele, o PT quer tirar proveito político da atual onda de violência.

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