Título: PRODUTOS AGRÍCOLAS LEVAM O IGP-10 A REGISTRAR VARIAÇÃO DE 0,36% EM MAIO
Autor: Cristine Jungblut
Fonte: O Globo, 20/05/2006, Economia, p. 38

Para o consumidor, preços de frango e carne devem continuar a subir

Os preços dos alimentos agrícolas foram os vilões da inflação medida em maio pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). E fizeram com que a taxa registrasse alta de 0,36% nesse mês, interrompendo as deflações dos últimos dois meses ¿ de 0,03% em março e de 0,65% em abril. No ano, o índice acumula 0,68% e, em 12 meses, -0,42%.

¿ Nos últimos 12 meses, o IGP apresentou seis taxas negativas. Essas taxas é que são uma exceção e não essa pequena alta de 0,36% ¿ disse Salomão Quadros, da FGV.

Segundo Quadros, todos os três índices que formam o IGP-10 aceleraram no mês de maio. O que mais contribuiu para o avanço do índice geral, no entanto, foi o dos preços no atacado (IPA), que representam 60% da taxa: passou de -1,10% para 0,36%. Os destaques são os preços do milho (de -10,69% para 2,28%) e da soja (de -6,81% para -0,60%) ¿ juntos respondem por 0,5 ponto percentual dos 1,46 de aceleração do IPA (0,36%).

Crise dos agricultores pode ter influenciado nos preços

Também contribuíram os preços de ave viva (3,20%) e frango industrializado (14,77%).

¿ Não se pode negar que a crise de agricultores pode ter influenciado na alta da soja. As carnes também aceleraram: de -5,03% para 4,94%. Além disso, os metais pesaram no resultado final do IPA. O preço do cobre, por exemplo, saiu de uma variação de 7,43% para 16,13% ¿ afirmou Quadros.

Também subiram os preços para o consumidor, que têm peso de 30% no IGP-10. O IPC saiu de 0,21% em abril para 0,30% em maio. A maior contribuição partiu dos alimentos, cuja taxa passou de -0,37% para 0,34%. Ficaram mais caras hortaliças e verduras (4,31%) e carnes bovinas (0,69%).

¿ Frutas e hortaliças, que são imprevisíveis, já dão sinais de que vão desacelerar. Carnes, no entanto, devem continuar em alta e dão indícios de que absorveram os preços do atacado. Isso pode ser conseqüência do aumento de exportação, já que o mercado externo está aquecido ¿ explicou o economista da FGV.

Preços de carne e frango devem acelerar ainda mais

Para Quadros, os preços de carne e frango ainda devem continuar subindo para o consumidor, em resposta a variações ascendentes no atacado:

¿ O frango saiu de -8,50% para -0,63%. E seus preços ainda podem subir um pouco mais.

Alta também se viu no índice que se refere ao custo da construção: o INCC subiu de 0,20% para 0,49%. A taxa foi influenciada pelos preços dos materiais (0,42%). A mão-de-obra também avançou (0,56%), já que houve reajuste salarial em Rio, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belém e Recife.

¿ Na próxima divulgação do IGP-M e do IGP-DI, o IPA deve subir um pouco e o IPC pode descer um pouco ¿ previu Quadros.