Título: ACORDO FINAL ENTRE VARIG E BR É MAIS UMA VEZ ADIADO
Autor: Erica Ribeiro e Mirelle de França
Fonte: O Globo, 20/05/2006, Economia, p. 43

Combustível está garantido até a próxima segunda-feira

Ficou para segunda-feira a tentativa de acordo entre a BR e a Varig, que pede mais prazo à distribuidora para pagar o combustível de aviação. A audiência entre as empresas, iniciada na quarta-feira e retomada ontem na 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, não teve consenso. De acordo com Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, na próxima reunião ¿ que será na sede da companhia aérea ¿ o acordo será fechado.

¿ Conseguimos avançar positivamente. Temos prazo, comprometimento de fornecimento pela BR e também de pagamento pela Varig, com recebíveis. Toda negociação tem estresse. Ainda temos impasses que serão resolvidos segunda-feira ¿ disse Gomes, sem dar detalhes sobre o que falta resolver.

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do TJ, disse que caso não haja consenso na próxima reunião já está prevista uma nova audiência, na tarde de segunda-feira, para fechar a negociação.

Gomes garantiu que o fornecimento de combustível à Varig está normalizado e pago até a segunda-feira com recebíveis da venda de passagens por agências de viagens. Para ele, o momento é de muito trabalho até a realização do leilão, previsto para acontecer no dia 9 de julho, data da final da Copa do Mundo na Alemanha. O executivo garantiu que a companhia está pronta para garantir o embarque da seleção e dos torcedores.

¿- Na Copa vamos ter duas vitórias: a da Varig, com o leilão, e a do Brasil.

O BNDES informou ontem que o resultado da análise das três propostas entregues na quarta-feira, referentes ao empréstimo-ponte, será anunciado também na segunda-feira. Uma delas é da associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e outra, do banco BRJ. A terceira, segundo fontes, é de um fundo de investimentos.

Marcio Marsilac, coordenador do TGV, esteve ontem no BNDES para apresentar mais informações da proposta de US$150 milhões protocolada na instituição financeira.

¿ Nossa proposta tem como base a informação de que este é o valor mínimo necessário para capital de giro da companhia até o leilão. As garantias oferecidas por nós são um percentual dos salários dos funcionários, descontado em folha ¿ acrescentou Marsilac.

Já o consultor do banco BRJ, Marcelo Bastos, que também apresentou proposta para empréstimo-ponte, pretende repassar à Varig US$167 milhões, o valor máximo financiado pelo BNDES.

¿ Nossa proposta é criar um fundo de investimentos que por cinco anos administraria os recebíveis da Varig, antecipando os valores para a empresa. O BNDES faria a subscrição dos títulos desse fundo e, a cada dois meses, venderia esses títulos, com a remuneração garantida. Não temos interesse no leilão da companhia, mas com este desenho teríamos a alternativa de o novo comprador zerar o fundo ou nos manter como administradores. Temos confiança que nossa proposta viabiliza a empresa e atende às necessidades do BNDES ¿- disse Bastos.