Título: MINISTRO: NADA DE ERRADO NA REUNIÃO COM DANTAS
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Fonte: O Globo, 23/05/2006, O País, p. 13

Oposição, porém, critica encontro

BRASÍLIA. A oposição criticou ontem o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, por ele ter se encontrado com o banqueiro Daniel Dantas, suspeito de ter produzido um dossiê sobre a existência de contas bancárias em paraísos fiscais em nomes do presidente Lula, do próprio Bastos e de outras autoridades do governo.

O encontro, articulado pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Sigmaringa Seixas (PT-DF), ocorreu na noite de terça-feira passada na casa de um senador da oposição, o pefelista Heráclito Fortes (PI), amigo do banqueiro, o que gerou mal-estar no PFL.

¿ O encontro mostra claramente que o governo está apavorado com fatos envolvendo o dossiê Daniel Dantas. Isso precisa ser investigado ¿ disse o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN).

Bastos já havia sido criticado por ter participado de uma reunião na casa do ex-ministro Antonio Palocci, acusado de ter violado o sigilo bancário do caseiro Francenildo da Costa, para apresentar o advogado Antonio Malheiros, que acabou não pegando o caso. Para a oposição o ministro, com esses encontros, não está tendo uma postura republicana.

¿ Encontros de um ministro com pessoas denunciadas por terem cometido crimes são inadequados. Um ministro deve se reunir com transparência no Ministério e não em casas na calada da noite ¿ afirmou o senador Jefferson Peres (PDT-AM).

Bastos disse ontem que não há nada de errado no encontro que teve com Dantas. Segundo ele, o banqueiro queria só se explicar sobre o dossiê das supostas contas no exterior. Na reunião, Dantas entregou ao ministro uma carta em que nega ter encomendado o dossiê.

¿ Ele disse que iria me entregar uma carta afirmando que nunca tinha investigado (autoridades do governo) e nem passado informação a órgão de imprensa. Foi uma conversa como outra qualquer. Não entendo porque tanta celeuma. O que importa é que essas conversas sejam impessoais, transparentes, públicas, e não tratem de coisas que não podem ser tratadas ¿ disse Bastos.

Na carta, Dantas contesta a informação, divulgada pela ¿Veja¿, de que teria encomendado um dossiê contra autoridades do governo.