Título: IGP-M REGISTRA EM MAIO 0,38%
Autor: Patrícia Duarte/Martha Beck/Patricia Eloy/Rui Piza
Fonte: O Globo, 31/05/2006, Economia, p. 23

Alta na cotação do dólar e entressafra agrícola puxaram o índice

A cotação do dólar e a entressafra de alguns produtos agrícolas elevaram em maio o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) a 0,38%, após dois meses de deflação. Em abril, a taxa foi de -0,42%. Em março, tinha sido de -0,23%. No ano, o índice, usado para o reajuste de aluguéis, está em 0,65%. Nos últimos 12 meses, acumula -0,33%.

A alta da taxa foi puxada, em especial, pelos preços no atacado - que representam 60% do IGP-M. O IPA avançou 0,43% neste mês, após deflação de 0,77%. As pressões vieram de cana-de-açúcar (7,62%), fios e cabos de cobre (19,24%), milho (6,21%), aves (8,70%) e óleos combustíveis (4,93%).

- De um lado, o câmbio já não está mais contendo os preços. Do outro, há o período de entressafra de produtos como soja e milho. Ainda é possível que os preços no atacado, por causa de safra, acelerem no próximo mês - explicou Salomão Quadros, economista da Fundação Getulio Vargas.

Para o consumidor, a inflação recuou para 0,07%, depois de 0,22% em abril. No IPC, que representa 30% do IGP-M, transportes (-0,34%) e alimentos (-0,22%) foram os principais responsáveis pela redução da taxa. Entre os alimentos, as maiores influências negativas foram arroz e feijão (-1,68%), batata-inglesa (-8,45%) e laranja pêra (-12,58%).

Já o índice que apura os custos da construção (INCC) teve taxa de 0,81%, contra 0,21% em abril. O aumento, que deve continuar em junho, é conseqüência de reajustes salariais da mão-de-obra do setor em oito cidades - no Rio, inclusive.

O economista Marco Franklin, da Plenus Gestão de Recursos, acredita que o IGP-M ceda em junho. Para ele, os preços do atacado já podem apontar deflação. Principalmente, disse ele, se o dólar se estabilizar. Em sua avaliação, o IPC deve seguir o mesmo caminho e registrar taxa negativa no mês que vem. O IPCA, por sua vez, deve ficar em torno de zero:

- Esse cenário nos faz apostar numa queda de 0,5 ponto percentual da taxa de juros. A trajetória declinante, no entanto, pode ser interrompida devido à volatilidade do mercado.