Título: A `SUSTANÇA¿ BRASILEIRA
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 03/06/2006, O País, p. 8

Em evento de turismo, Lula reclama das `porçõezinhas¿ da cozinha do Itamaraty

SÃO PAULO. Nada de sofisticação ou cozinha autoral, muito menos as econômicas porções da nouvelle cousine francesa. Sob a batuta do presidente e dublê de cozinheiro Luiz Inácio Lula da Silva, as palavras de ordem na cozinha do Itamaraty são fartura e sustança. Ontem, na abertura do 2º Salão Nacional de Turismo, Lula revelou ter interferido duas vezes no cardápio do Itamaraty.

A primeira vez foi no almoço em homenagem ao príncipe de Astúrias, dom Felipe de Bourbon, e à princesa Letizia.

¿ O Itamaraty por tradição tinha o hábito de fazer uma cozinha internacional, aquelas porçõezinhas pequenas. Eu, pelo menos, gosto de sustança. Então oferecemos uma boa feijoada ¿ disse Lula.

Segundo ele, os cozinheiros do Itamaraty chegaram a desaconselhar, temendo pela integridade física da princesa:

¿ Podem crer que havia quem me falasse assim: feijoada é muito forte, a princesa não está habituada ¿ disse Lula, lembrando que ela repetiu o prato.

A segunda intervenção culinária do presidente foi no início deste mês, na visita do presidente da França, Jacques Chirac:

¿ Falei: gente, nós temos que servir para o Chirac uma sustança brasileira, vamos colocar aí um monte de comida, galinha cabidela, tambaqui, feijão tropeiro, farofa.

Falando a profissionais do turismo, Lula enalteceu a comida e a bebida nacionais.

¿ Duvido que um estrangeiro resista a uma moqueca baiana ou capixaba, a um pato no tucupi, a um caldinho de feijão com uma cachacinha de entrada.