Título: LULA: `ROEMOS OSSO E AGORA QUEREM COMER O FILÉ QUE COLOCAMOS NA MESA¿
Autor: Maria Lima, Ilimar Franco e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 25/07/2006, O País, p. 4

Presidente abre comitê em Brasília desafiando oposição a tirá-lo do governo

BRASÍLIA. No discurso de inauguração do seu comitê de campanha em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que tem orgulho de seu passado e de seu governo e que a oposição vai ter que lutar muito para tirá-lo do governo.

¿ Se nós, na hora em que estávamos roendo o osso, fizemos tudo isso que fizemos, agora que o Brasil está ajeitadinho, ajeitadinho, eles querem comer o filé mignon que colocamos na mesa? Não! Vão ter que roer o osso, como fizemos ¿ disse.

Dirigindo-se aos militantes, disse que tem tudo para ganhar, mas os alertou de que o processo ainda não terminou. E voltou a atacar a oposição:

¿ Não vamos permitir que destruam o que fizemos em quatro anos. Eles fizeram por 500 anos. E nós só tivemos quatro anos! Com mais quatro anos vamos fazer infinitamente mais.

Ainda no discurso, defendeu o programa Bolsa Família, negando que seja esmola, como dizem seus opositores, e reconheceu que os bancos tiveram grandes lucros em seu governo.

¿ Ganharam muito. Mas é melhor dar lucros aos bancos do que fazer um Proer ¿ disse, em referência ao programa do governo Fernando Henrique que ajudou instituições financeiras.

No fim da tarde, quando o comitê ainda estava sendo arrumado, chegou uma kombi da frota oficial da Presidência levando frutas e refrigerantes.

A assessoria de imprensa da campanha da reeleição explicou tratar-se de lanche e material para a segurança. A lei eleitoral permite o uso de carro oficial apenas para deslocamentos do presidente e ¿servidores indispensáveis à sua segurança e atendimento pessoal¿ ¿ com o ressarcimento pelo partido.

Na identificação das pessoas que foram ao comício e ficaram próximas ao palanque foram usados detectores de metal e todos receberam o broche de papel usado nas portarias da Presidência. A lei não trata especificamente deste caso, o que poderá gerar consultas e/ou ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A justificativa da campanha é de que a segurança do presidente é feita pelo serviço de segurança do Planalto.

¿ Não posso subestimar a inteligência alheia quanto ao domínio da ordem jurídica, que é muito severa a respeito disso. É uma atitude que enquadraria como infantil ¿ disse o presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, ao saber do ocorrido.

No material de campanha, azul substitui o vermelho

Os coordenadores da campanha seguiram à risca a determinação do publicitário João Santana de evitar o vermelho, cor-que já foi símbolo do PT. Em faixas, balões e cartazes predominou o azul junto com verde, amarelo e branco. Uma tímida estrela vermelha foi mantida.

Ao apresentar o comitê à imprensa, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, minimizou o fato de o vermelho ter sido substituído pelo azul na campanha:

¿ Ninguém está renegando o vermelho do PT. O vermelho faz parte da nossa história. Em 2002 a orientação para a campanha nacional já foi de usar essas cores. A estrela vermelha continua lá ¿ disse Berzoini.

Foi montado um forte aparato de segurança para o comício. Um detector de metais foi posto na entrada do prédio. Houve tumulto quando os seguranças começaram a formar filas para que os militantes passassem por revista. Até as 20h a segurança informou que passaram 3.200 pessoas pelos detectores.

COLABORARAM Luiza Damé e Mirella D'Elia, da CBN

www.oglobo.com.br/pais