Título: PSDB E PFL PRESSIONAM PARA MUDAR CAMPANHA
Autor: Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 10/09/2006, O País, p. 11

Tucanos e pefelistas cobram tom mais agressivo de Alckmin

BRASÍLIA E FORTALEZA. No PSDB e no PFL há a convicção de que a oposição errou ao deixar nas mãos do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, e do marqueteiro Luiz González o comando da estratégia de campanha. Concluiu-se que o candidato e o publicitário optaram por uma campanha voltada mais para a biografia de Alckmin, deixando em segundo plano os interesses do partido.

Tucanos e pefelistas dizem nos bastidores que Alckmin já lucrou na campanha, pois tornou-se conhecido nacionalmente e passou uma imagem ¿limpa¿, de um candidato que não ataca. No entanto, prejudicou muito a oposição ao não desconstruir Lula nem enfraquecer o PT e o governo. Num desabafo, um influente tucano disse que Alckmin ainda não mostrou disposição para ganhar. A constatação interna é de que ele precisa ser mais incisivo e despertar mais emoção no eleitorado.

¿ Gostaria que Alckmin estivesse mais estressado, porque candidato estressado vai à luta. Essa diferença nas pesquisas eleitorais entre Lula e Alckmin é real. Essa não é uma situação confortável ¿ disse o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), resumindo o ânimo no partido.

Pressão levou Alckmin a cancelar agenda

A pressão por mudanças foi tamanha semana passada, que sexta-feira Alckmin cancelou a agenda de campanha para mudar o programa de TV. Por determinação do partido, segundo um parlamentar tucano, a campanha vai usar imagens para atacar o governo Lula. O ataque à gestão petista, acrescenta essa fonte, deixaria de ocupar um espaço secundário para se tornar o tema principal dos programas de TV.

Até hoje, Alckmin só conseguiu interromper a trajetória de queda ou, então obter uma discreta recuperação. O principal, no entanto, não foi conseguido: fazer Lula cair nas pesquisas. Sem isso, dizem os tucanos, será impossível levar a disputa para o segundo turno, já que o patamar do petista, em torno de 50% é confortável.

Tucano não consegue tirar pontos de Lula

PFL e PSDB esperavam que, após as primeiros semanas de programa na TV, o presidente Lula caísse nas pesquisas. Mas, segundo os institutos Ibope e Datafolha, a diferença entre Lula e Alckmin permaneceu praticamente inalterada. O que ainda consola os integrantes da campanha de Alckmin é o fato de que, finalmente, ele parou de cair. Todos, porém, reconhecem que é uma tarefa difícil atingir a candidatura de Lula.

¿ O que percebo nesta eleição é que não há uma paixão pelo Lula. Mas o voto do eleitor está mais consistente. Não é um voto apaixonado. É um voto frio e por isso, mais difícil de furar ¿ diagnosticou o senador Tasso Jereissati.