Título: MINISTRO CRITICA PACOTE ANTICORRUPÇÃO DE ALCKMIN
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 16/09/2006, O País, p. 10

Antes das prisões, CGU dissera que as denúncias de Vedoin têm que ser investigadas

BRASÍLIA Antes de saber das prisões do ex-tesoureiro petista em Mato Grosso e do chefe da máfia dos sanguessugas Luiz Antônio Vedoin, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, fez um discurso político ao dizer ontem que as denúncias envolvendo o ex-ministro José Serra ou outros ministros de governos passados devem receber o mesmo tratamento das acusações contra o ex-ministro Humberto Costa e outros integrantes e ex-integrantes do governo Lula. Ao ser perguntado sobre as acusações publicadas pela ¿IstoÉ¿, Hage disse que não se trata apenas do depoimento de Luiz Antônio Vedoin. Disse que a imprensa já divulgou cópias de documentos de parlamentares envolvidos com os sanguessugas dirigidos ao Ministério da Saúde no governo passado.

Hage ainda foi irônico ao comentar o pacote contra a corrupção divulgado pelo candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, chamando-o de ¿coisa malfeita¿.

¿ Essas informações mais recentes que circularam envolvendo autoridades do governo passado estão apoiadas também em documento. Se isso significa envolvimento ou não do ministro, é a mesma situação do ministro Humberto Costa. O que não vejo como razoável é que, no caso de Humberto Costa, com o mesmo nível de indício, alguns saltem para a conclusão de que está consumado o envolvimento, e que no caso de ministros do governo passado o tratamento seja diferente. Tem que ser igual. Se são apenas indícios para um, são apenas indícios para o outro ¿ disse ele.

Quem indiciou Humberto Costa foi a Polícia Federal.

Segundo o ministro, o importante é o cruzamento das informações. Citou o depoimento de Vedoin, investigações e escutas telefônicas da Polícia Federal e o trabalho da CGU.

¿ Tudo o que ele disse deve ser recebido com as reservas próprias do depoimento de quem está sob delação premiada. E o fundamental é o cruzamento com as outras fontes.

Ministro deixa de citar o escândalo do mensalão

Hage afirmou que os escândalos de corrupção investigados pela CGU são todos antigos e começaram em governos anteriores. Ele citou escândalos como o dos sanguessugas e a máfia dos vampiros, mas não citou o mensalão, que envolveu a base do atual governo no Congresso. E argumentou que os casos começaram em 1999, 2001 e 2002:

¿ O que há de novo no Brasil é que a corrupção está sendo combatida. Ela nunca foi combatida, sempre foi jogada para debaixo do tapete.