Título: Tarso: 'É crise normal, não atinge o presidente'
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 22/09/2006, O País, p. 10

Ministro diz que esta eleição é a disputa política mais dura enfrentada pelo PT desde a Constituição de 1988

BRASÍLIA. A crise que afeta o governo por causa do escândalo do dossiê contra tucanos é normal porque ocorre dentro dos parâmetros democráticos, afirmou ontem o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Ele reforçou o discurso governista de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi atingido pelo caso e classificou o atual embate político como o mais sério desde a Constituição de 1988, ou seja, mais forte que o embate entre Lula e Fernando Collor em 1989.

Tarso defendeu que é preciso refundar o PT. Nos bastidores, o ministro foi um dos que pressionaram para que o presidente do partido, Ricardo Berzoini, fosse afastado da coordenação da campanha da reeleição. Segundo Tarso, Lula, quando soube dos fatos, agiu em 24 horas:

- Temos argumentos suficientes para mostrar que é uma crise normal, que não atinge em nada o presidente e nem aquilo que de bom ele fez pelo país. A situação não se alterou (de vitória no primeiro turno). O povo brasileiro vai escolher o melhor. E os indicativos são de que o melhor é o governo do presidente Lula. Tudo indica que isso não vai se alterar. Mas é disputa política mais dura desde a Constituição de 1988.

Tarso: "O presidente não disse que não sabia"

Perguntado se as pessoas ainda acreditariam na afirmação de que o presidente não sabia de nada, Tarso disse:

- Ninguém está dizendo que o presidente não sabia. O presidente não disse que não sabia. O que ele disse é que, quando tomou conhecimento, ele tomou medidas 24 horas depois.

Pressionado a dar explicações sobre o que afirmara, Tarso respondeu:

- No momento em que foi informado, Lula tomou medidas radicais.

O ministro foi direto ao falar da crise que atinge o PT.

- Minha opinião sobre o PT está centrada numa palavra: refundação.

No ano passado, Tarso presidia o PT no auge da crise do caixa dois e do mensalão e foi boicotado por setores do PT de São Paulo, principalmente pelo ex-ministro José Dirceu. Anteontem, Tarso defendeu junto a Lula que Berzoini fosse afastado. Ontem, o ministro afirmou que Berzoini foi afastado do cargo de coordenador de campanha sem haver um julgamento de seu comportamento no episódio da compra do dossiê contra políticos tucanos.

O ministro reforçou que não houve envolvimento algum do presidente Lula na compra do dossiê:

- O que aconteceu em São Paulo nada tem a ver com o Planalto, com o Lula candidato e nem com qualquer orientação que tenha vindo oficialmente da campanha. No afastamento de Berzoini, não foi emitido juízo de seu procedimento. Apenas um coordenador que está sendo chamado para dar explicações tem prejudicado sua função.