Título: VIOLÊNCIA CAIU 18,5% EM SP ENTRE 2004 E 2005
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 22/09/2006, O País, p. 21

Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, mostra que Rio é o estado com mais mortes decorrentes de crimes

BRASÍLIA. O Mapa da Violência, divulgado ontem pelo Ministério da Justiça, mostra que o Rio de Janeiro é o estado com o maior número absoluto e a maior taxa de mortes decorrentes de crimes violentos no país, embora o número absoluto de mortes tenha caído 4% no estado. Em São Paulo, estado que era governado, no período, pelo candidato a presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, o número absoluto de mortes decorrentes de crimes violentos também teve queda, bem maior: de 18,5% no mesmo período.

O balanço reúne as ocorrências registradas pelas Polícias Civis em 2004 e 2005 e o Estado do Rio é o que tem mais casos nos dois anos. Em todo o país, o número absoluto de mortes decorrentes de crimes violentos cresceu 1% de um ano para outro, subindo de 54.696 para 55.312. Mas caiu em 11 estados, inclusive o Rio Grande do Sul, onde a redução chegou a 35%.

No Rio de Janeiro, 9.467 pessoas perderam a vida no ano passado em homicídios dolosos - quando o criminoso tem a intenção de matar -, lesões corporais e roubos seguidos de morte, incluindo ocorrências sob investigação, sem causa estabelecida. Em 2004, haviam sido registrados 9.854 casos. Em termos de taxa de mortalidade, a queda no estado foi de 65,6 mortes por cada 100 mil habitantes, em 2004, para 61,5 em 2005. No Brasil, a taxa também caiu de 30,5 para 30.

Desarmamento pode ter influência

O coordenador-geral de Pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Marcelo Ottoni Durante, relativizou os resultados, lembrando que o estudo contém apenas as ocorrências registradas pela polícia. Assim, segundo ele, os dados refletem não só a criminalidade propriamente dita, mas o esforço em combatê-la e a confiança da população em procurar a polícia.

- O Rio não é necessariamente o mais violento. Estamos falando de registros e o Rio está com as estatísticas mais altas. Mas isso reflete o trabalho da polícia. Estatísticas oficiais não significam necessariamente incidência criminal alta. Uma polícia que não faça nada, que não registre, vai ter estatísticas baixas. O registro depende muito da população ter confiança de que vale a pena ir à polícia e de a polícia estar aberta para isso - disse Durante.

Em São Paulo, onde uma organização criminosa pratica atentados e distúrbios contra a polícia e a população, a redução foi de 9.366 para 7.640 mortes. A taxa caiu de 23,9 para 18,9 por 100 mil habitantes. Segundo o coordenador, há estudos indicando que a campanha do desarmamento pode ter influenciado nesse sentido:

- São Paulo, mesmo antes da campanha nacional, já tinha atividades para incentivar policiais a recolher armas.

A cidade de Camaragibe, em Pernambuco, teve a mais alta taxa de mortes por crimes violentos intencionais entre 221 cidades com mais de 100 mil habitantes. Foram 180,9 mortes para cada 100 mil habitantes. Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ficou em segundo, com 120,7, seguida por Curitiba, a primeira capital da lista, com 119,9. Segundo Durante, a comparação deve ser feita com base nas taxas, que levam em conta o tamanho da população, e não nos números absolutos.

Depois do Rio, Pernambuco

Depois do Rio, em segundo lugar no ranking dos estados, referente à taxa de mortes por crimes letais intencionais em 2005, está Pernambuco, seguido por Paraná, Goiás e Rondônia. Na última posição, com a mais baixa taxa, aparece o Piauí, com 9,7 mortes para cada 100 mil habitantes.

Durante lembrou que as estatísticas foram fornecidas ao Ministério da Justiça pelas Secretarias de Segurança Pública dos estados. Apenas cinco estados - Rio, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Distrito Federal - enviaram informações relativas a 100% das delegacias de polícia, enquanto dois forneceram dados de menos de 80% da delegacias: Rio Grande do Norte (74%) e Espírito Santo (54%).

Amazonas teve mais seqüestros

Em números absolutos, apenas dois tipos de crime ou infração tiveram redução do número de ocorrências: furtos e delitos no trânsito. Os furtos caíram de 2.156.812 para 2.152.681. Já os assaltos subiram de 907.571 para 942.687, de acordo com as ocorrências registradas pelas polícias civis.

O estudo apresenta também dados de morte provocadas exclusivamente por homicídios dolosos. O número cresceu de 40.240 para 40.845 no país, embora a taxa tenha caído de 22,5 mortes para cada 100 mil habitantes para 22,2. Embora o número absoluto tenha aumentado, a taxa caiu porque a população aumentou de 2004 para 2005. A cidade de São José dos Pinhais, no Paraná, é a primeira do ranking de estupros, com taxa de 65,9 casos por 100 mil habitantes, no ano passado. Brasília teve a maior taxa de roubos. Em termos de seqüestros, o Amazonas ficou em primeiro lugar.