Título: PROPINA PARA NEGÓCIOS NO EXTERIOR
Autor: Henrique Gomes Batista e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 05/10/2006, Economia, p. 37

Brasil está entre os 10 piores do ranking da Transparência Internacional

BRUXELAS. Grandes empresas brasileiras entraram para a lista das mais propensas a pagar propinas ao fazer negócios no exterior. O Brasil está entre os dez países identificados como os maiores corruptores do mundo, segundo ranking da organização não-governamental Transparência Internacional (TI) divulgado ontem. O índice mediu as práticas de companhias de grande porte em 30 países que representam cerca de 82% das exportações mundiais.

Os níveis mais alarmantes de corrupção ficaram com Índia, China, Rússia e Turquia. Já Suíça, Suécia, Austrália e Áustria tiveram as melhores notas, mas nem por isso deixam de ser um problema. Segundo o relatório, ¿os bons, não são tão bons assim¿ e ainda estão longe do que seria ideal. Ninguém foi aprovado com a nota máxima. De zero a 10, a Suíça foi quem ficou mais perto, com um 7,81. O país representa 1,2% das exportações globais. Com parcela semelhante do comércio mundial, o Brasil ficou com a nota 5,65. A Índia tirou 4,62.

¿ (O problema no Brasil) é definitivamente a impunidade e a falta de vontade política. Na Alemanha, há até bem pouco tempo pagar propina era vista como algo positivo. Facilitava e agilizava as operações no exterior, mas houve uma grande mudança de comportamento e de cultura. Hoje é crime. No Brasil, existem leis, mas as autoridades não conseguem fazer com que sejam obedecidas ¿ disse ao GLOBO a diretora para as Américas da Transparência Internacional, Silke Pfeiffer.

As notas são dadas com base em práticas observadas nas grandes companhias globais por 11.232 empresários de 125 nacionalidades. É na Europa e nos EUA que os empresários mais vêem a tendência de corrupção por parte das empresas brasileiras, com quem fazem negócios.