Título: PT VAI ATACAR `COMPLACÊNCIA¿ DO PSDB COM CRIME
Autor:
Fonte: O Globo, 16/10/2006, O País, p. 3

Tarso: indiferença com crescimento de facção criminosa em São Paulo é `questão ética grave como dossiê¿

Contra a ofensiva da oposição na cobrança de resultados na investigação do escândalo do dossiê, além de criticar as propostas de privatização e choque de gestão dos tucanos, a campanha do presidente Lula vai voltar os ataques para a segurança pública em São Paulo. O novo tom a ser adotado pelo PT e aliados foi dado ontem pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Ele criticou a complacência do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, no combate ao crime organizado no estado.

Tarso considerou a liberdade de atuação da organização criminosa que comanda os presídios paulistas tão ou mais grave, do ponto de vista ético, que o episódio do dossiê.

¿ A complacência do estado com o crime e o fato de uma facção criminosa tomar conta de parte do estado, a indiferença do governante, não é uma questão ética? É uma questão ética mais grave que o dinheiro usado para a compra do dossiê, ou tem a mesma gravidade ¿ disse o ministro, em entrevista ontem de manhã, num ato de Lula com professores.

Para Tarso, o PT errou ao não pautar esse debate no primeiro turno da eleição.

¿ O partido deveria ter mostrado que a principal facção criminosa proliferou e atuou livremente nos últimos 12 anos, de maneira impune, nos governos tucanos. E que ele (Alckmin) tem uma enorme responsabilidade sobre isso. Houve uma absoluta ausência de medidas por parte de Alckmin. Por que não é democrático perguntar se Alckmin sabia ou não da facção, que proliferou durante 12 anos? O partido ficou encolhido, até por remorso, com sentimento de culpa porque pessoas importantes cometeram erros.

Essa estratégia de ataque do PT e de aliados de Lula será posta em prática à medida que a oposição radicalizar, segundo Tarso:

¿ Vamos ver como seremos agredidos.

Sobre a decisão do PSDB e PFL de lançar dúvidas sobre o trabalho da Polícia Federal na investigação do escândalo do dossiê ¿ a partir da informação de ¿Veja¿ de que houve uma operação-abafa para proteger o ex-assessor presidencial Freud Godoy ¿ Tarso classificou como uma irresponsabilidade:

¿ Trata-se de uma tentativa desesperada de criar um fato politico novo, de caráter tipicamente eleitoreiro. É de uma irresponsabilidade sem limites acusar de acobertamento uma PF que está trabalhando dentro dos princípios da legalidade. Foi ela que prendeu os envolvidos nesta operação dossiê e está investigando o caso de forma irrepreensível. A PF tem desbaratado quadrilhas e investigado suas conexões com diferentes partidos, diferentemente do que se fez no governo passado ¿ afirmou Tarso.

¿Não haverá clima para fazer um terceiro turno por outras vias¿

O ministro das Relações Institucionais lembrou que Freud foi inocentado pela PF, mas que a oposição tem um claro interesse político em mantê-lo na condição de suspeito ou de culpado:

¿ PFL e o PSDB estão tentando montar um novo caso das camisetas do PT, aquele de 1989, quando assim vestiram os seqüestradores de Abílio Diniz para prejudicar a candidatura Lula na véspera da eleição. Percebendo que estão sendo rejeitados pelo povo, tentam criar um ambiente golpista. Mas as instituições democráticas estão funcionando perfeitamente e não haverá clima para qualquer tentativa de fazer um terceiro turno por outras vias.

A oposição, com base na reportagem de ¿Veja¿, acusa o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de ter acobertado a operação para tirar Freud do foco de investigação. O ministro negou a operação-abafa e disse que ¿essa história não procede¿.

COLABOROU Jailton de Carvalho