Título: FESTA DE CARROS OFICIAIS
Autor: Crstiane Jungblut
Fonte: O Globo, 28/10/2006, O País, p. 12B

Ministros vão em veículos do governo

BRASÍLIA. Os ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, da Defesa, Waldir Pires, e das Cidades, Márcio Fortes, foram à festa de aniversário de Lula em carro oficial. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foi no seu carro particular, com a mulher. Na verdade, foi mais um evento que mistura agendas de presidente e candidato. A festa foi organizada pelo comitê de campanha.

No início do mês, o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, viu-se envolvido na polêmica sobre o uso de carro oficial em eventos de campanha e teve de se explicar à Comissão de Ética Pública da Presidência. Ele usou o carro para ir a uma reunião de ministros em que foi discutido o comportamento do governo no segundo turno.

O ministro Márcio Fortes disse, por meio de sua assessoria, que fez uma consulta à organização do evento, que informou que não se tratava de evento político e sim da festa do aniversário do presidente. A assessoria de Bastos informou que, como ministro da Justiça, ele tem a obrigação de usar carro oficial e seguranças da Polícia Federal.

O problema é que, de um lado, está a lei que permite que ministros utilizem carro oficial em compromissos públicos e privados e, de outro, há as imposições da lei eleitoral. Integrantes da comissão dizem que a questão não é legal e sim de comportamento.

Hage sustentou que, pela lei, ministros têm direito de usar o carro oficial em atividade particular ou pública. A Comissão de Ética considerou satisfatória a explicação de Hage, mas, discretamente, recomendou que os ministros cumprissem as normas de comportamento no período eleitoral. Uma delas diz que eles têm direito de participar de evento político, desde que não usem recursos públicos.

A separação entre agenda de candidato e de presidente é uma constante nas campanhas de reeleição. Ontem, vários funcionários e pessoas com cargos de confiança do Planalto usavam camisetas de campanha. Até assessores diretos de Lula gritavam bordões como: ¿Lula, guerreiro do povo brasileiro!¿