Título: LULA TEM O APOIO DE 16 DOS NOVOS GOVERNADORES
Autor: Demétrio Weber e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 30/10/2006, O País, p. 21

No segundo turno, presidente conseguiu virar votação em quatro estados: venceu em 20 e Alckmin, em sete

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começará o segundo mandato com o apoio da maioria dos governadores eleitos. Ao todo, 16 dos 27 governadores o apóiam, podendo chegar a 19, se forem somados os indecisos. Entre os 8 opositores eleitos, os confrontos com Lula não deverão repetir o enfrentamento comum no Congresso. Os estados têm interesse claro na busca de uma solução junto ao governo federal para sua situação financeira.

Dos governadores eleitos, 16 fazem parte da base aliada de Lula, e seis deles foram eleitos ou reeleitos ontem. Três governadores foram eleitos com o rótulo de independentes, mas não será surpresa se apoiarem Lula: André Puccinelli (PMDB), de Mato Grosso do Sul; Luiz Henrique (PMDB), Santa Catarina; e Alcides Rodrigues (PP), de Goiás. Nesse caso, a base aliada do presidente somaria 19 unidades da federação.

Até com os governadores do PSDB Lula espera manter diálogo, principalmente com os de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves. O presidente tem dito que mantém boa relação com os dois. Isso porque tanto Serra quanto Aécio têm planos pessoais e sonham disputar a sucessão de Lula.

Wagner e Déda comandarão a tropa de choque

Outra tucana que poderia acirrar a oposição a Lula, a governadora eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, sabe que assumirá um governo com problemas financeiros. Ou seja, precisará estabelecer bom relacionamento com o Planalto na tentativa de renegociar dívidas. Sem falar em oposicionistas como o governador reeleito da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), que teve bom relacionamento com o presidente no primeiro mandato.

À frente do bloco de aliados do governo, estarão os governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), e de Sergipe, Marcelo Déda (PT). No Rio de Janeiro, Lula terá o apoio do futuro governador Sérgio Cabral (PMDB), de quem se aproximou no segundo turno. A tropa de choque pró-Lula terá o reforço do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que foi seu ministro da Ciência e Tecnologia, e de Cid Gomes (PSB), irmão do ex-ministro Ciro Gomes, que venceu no Ceará, derrotando o PSDB.

Com a eleição de Ana Júlia Carepa no Pará, o PT comandará cinco estados ¿ Bahia, Sergipe, Piauí, Acre e Pará ¿, enquanto o PSB vai chefiar três governos estaduais. O PMDB, maior aliado de Lula no próximo mandato, venceu em cinco estados.

A bancada de governadores poderá ser decisiva para arregimentar apoio no Congresso, principalmente para a aprovação de reformas constitucionais, que exigem maioria de três quintos na Câmara e no Senado. É o caso da reforma política e da reforma do processo de tramitação do Orçamento da União no Congresso, propostas que o governo espera aprovar no próximo mandato. Até governadores do PDT, que faz oposição a Lula, deverão manter uma boa relação com o Planalto. É o caso do governador eleito do Maranhão, Jackson Lago.