Título: Contatos para formação da equipe do 2º mandato começam esta semana
Autor: Regina Alvarez e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 04/11/2006, O País, p. 4

Compromissos assumidos pelo presidente complicam distribuição de cargos

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa esta semana os contatos para a formação da nova equipe de governo e tem pela frente uma complexa equação para resolver, com pouca margem de manobra para mudanças. A definição do crescimento sustentado como meta prioritária deve ampliar o papel e a composição da atual equipe econômica, mas os compromissos pessoais e políticos terão também peso relevante na formação da equipe, o que torna o problema difícil de ser concluída até meados de dezembro, quando Lula pretende anunciar o novo Ministério.

A lista de personagens com os quais o presidente tem compromissos pessoais é extensa e envolve quase uma dezena de ministérios. Inclui o ministro da Fazenda, Guido Mantega ¿ que conduziu a economia sem sobressaltos até a eleição, depois da saída turbulenta de Antonio Palocci do posto, em abril último, acusado de quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa para preservar interesses pessoais. Passa também pela manutenção do ministro Paulo Bernardo na equipe econômica, já que o deputado abriu mão de tentar uma reeleição praticamente garantida para se manter à frente do Ministério do Planejamento. Sem contar o trabalho de articulação política que realizou no período eleitoral.

Também na cota pessoal do presidente Lula está a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provavelmente o nome mais forte do próximo governo; o ministro Tarso Genro, que é considerado um coringa, mas deve ocupar um ministério; e o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), que é fundador do PT e da CUT e guru intelectual do presidente.

Marta Suplicy tem lugar garantido na Esplanada

Ainda nessa lista aparecem o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia; e do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, que também não concorreram a uma vaga na Câmara para ficar no governo, além do ministro Luiz Marinho (Trabalho), que garantiu ampla vitória de Lula no ABC paulista, e da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que se tornou a coordenadora da campanha de Lula no segundo turno, em São Paulo, contribuindo para reverter dois milhões de votos dados a Geraldo Alckmin no primeiro. Marta tem lugar garantido na Esplanada dos Ministérios e pode ir para o Ministério das Cidades.

Na primeira semana depois da eleição, Lula preferiu se manter reservado sobre o que pretende fazer. Limitou-se a comentar com interlocutores que vai chamar os partidos e pretende ter o time montado até meados de dezembro. O presidente quer conduzir pessoalmente a reforma ministerial para evitar os vazamentos, como aconteceu no primeiro mandato, quando delegou os contatos com os ministeriáveis para José Dirceu e Antonio Palocci. Também tem deixado claro que não vai aceitar pressões dos partidos aliados, mas terá que abrir espaço para esses partidos no governo, se quiser consolidar uma base de apoio ampla no Congresso.