Título: Importante será o apoio do governo¿
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 06/11/2006, O País, p. 9

Governador eleito do Maranhão quer diálogo direto com presidente Lula

O governador eleito do Maranhão, Jackson Lago (PDT), tem como uma de suas prioridades estabelecer um canal direto de diálogo com o governo federal. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha apoiado a candidatura de Roseana Sarney, Lago diz acreditar que a história em comum que ele e Lula tiveram falará mais alto. Seu objetivo é reduzir a influência da família Sarney na discussão de assuntos de interesse do estado.

Que tipo de relacionamento o senhor pretende ter com o presidente Lula?

JACKSON LAGO: Nós nos conhecemos de longa data. Espero que o relacionamento seja o melhor possível. Afinal de contas, estivemos juntos em muitos momentos. Na verdade, nossa trajetória é muito mais parecida. Até entendo a opção política que o presidente teve de fazer num determinado momento. Mas o fato é que o povo do Maranhão optou por eleger o presidente Lula e eu.

O Maranhão é um dos estados mais pobres. Que tipo de parcerias espera estabelecer com o governo federal?

LAGO: É claro que esperamos que o presidente dê continuidade e possa até mesmo ampliar não só o Bolsa Família, como toda essa rede de proteção social no estado. Mas também esperamos uma parceria que nos ajude a implantar no Maranhão um grande projeto de desenvolvimento, a partir da reestruturação da nossa agricultura, da recuperação de nossas estradas e portos.

Mesmo derrotada no estado, a família Sarney ainda deverá manter sua influência junto ao governo Lula. O senhor teme que isso possa prejudicar sua relação com o presidente?

LAGO: A família Sarney sempre teve boas relações com todos os governos neste país, sejam militares ou civis. Mas isso nunca resultou em benefícios para o estado do Maranhão. Por isso, esperamos ter uma relação direta do estado com o governo federal.

Depois que rompeu com o ex-presidente Sarney, o atual governador, José Reinaldo, denunciou boicotes ao seu governo. Isso não pode se repetir?

LAGO: Considero que o povo maranhense está muito mais atento e não permitirá que isso se repita. Eu mesmo pretendo fazer um apelo à nossa bancada federal para que nos ajude a defender, perante o governo federal e no Congresso Nacional, os interesses do nosso estado.

Que tipo de relação o senhor pretende ter com a família Sarney?

LAGO: Como governador do estado sou obrigado a me relacionar com todos. Mas o mais importante será ter o apoio do governo federal. Na hora em que eles quiserem ajudar o Maranhão, estaremos do mesmo lado. Mas enquanto estiverem, por razões mesquinhas ou falta de apreço por um dirigente do estado, procurando prejudicar o estado, aí estaremos em campos opostos. Veja o que fizeram agora com o projeto do Banco Mundial, de US$30 milhões. Assistimos aos senadores do Maranhão impedindo que os pobres do estado se beneficiassem desse empréstimo. Isso aí é duro. Espero que passem a defender o interesse do Maranhão. Assim nós estaremos fazendo a mesma coisa.

Sua vitória é atribuída, em parte, a uma estratégia do governador José Reinaldo, que estimulou o lançamento de três candidaturas contra a da senadora Roseana. O apoio dele foi essencial?

LAGO: Realmente foi muito importante, porque representou uma fissura no coração do império. E nós, as correntes, que combatíamos esse império há tanto tempo, nos sentimos mais fortalecidos.

Uma de suas maiores votações foi em Imperatriz, onde muitos sonham com a criação do Maranhão do Sul. Como o senhor vê isso?

LAGO: Acho que essa é uma reivindicação legítima. Em Goiás, a divisão foi boa para Tocantins e para os goianos. E aqui no Maranhão, também poderá ser. Acreditamos que não só é legítimo o pleito, como que o Brasil tem de rever sua divisão territorial e ter mais estados. Mas isso depende do Congresso Nacional.