Título: Presidente quer Aldo no comando da Câmara
Autor: Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 20/11/2006, O País, p. 5

Presidência da Casa será usada no acerto com partidos aliados

BRASÍLIA. O presidente Lula vai condicionar a reforma ministerial a uma solução para a sucessão na Câmara dos Deputados, que só acontece em fevereiro. quer um acordo até o inicio de dezembro, para que possa usar a vaga na negociação com os aliados.

Se o PMDB insistir em ficar com a Câmara, a avaliação no Planalto é que diminuiria sua cota na reforma ministerial. Por outro lado, Lula tenta impedir o PT de brigar pela vaga e causar problemas, como em 2005, quando a disputa acabou elegendo Severino Cavalcanti (PP-PE), cassado no mesmo ano. Lula está irritado com as cobranças do PT e teme uma nova crise.

Lula já manifestou que o ideal seria a permanência de aldo Rebelo (PCdoB-SP) no cargo. Informou isso ao PMDB e aguarda uma decisão. Mas espera uma posição final do partido, que ainda não chegou a um consenso interno sobre as presidências da Câmara e do Senado.

- Se o critério a ser adotado é o de maior bancada, o PMDB conquistou isso nas urnas e está legitimado para ter a presidência da Câmara. Os deputados do partido não abrem mão de presidir a Casa. Já no Senado é diferente. Lá, o PMDB quer cooptar parlamentares para manter a presidência - disse Geddel Vieira Lima (BA), explicitando o clima de desconfiança.

Para governo, cargo é mais forte que qualquer ministério

No Planalto, imagina-se que caso o PMDB fique com as presidências da Câmara e do Senado, terá uma quantidade menor de ministérios. O PMDB está pedindo seis ministérios ao presidente. Na avaliação do governo, o comando da Câmara já seria uma força muito maior do que qualquer ministério. O PMDB já tem dois candidatos para a disputa: os deputados Geddel e Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Lula já cobrou do PT uma posição sobre a sucessão da Câmara. Está avançada a pré-candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele tenta conquistar apoio no chamado baixo clero da Câmara e nos aliados PL, PP e PTB. Mas caso haja acordo com o PMDB, Chinaglia pode ser contemplado com um ministério, como o da Saúde.

- Não sei se estou com essa bola toda. Mas posso dizer que meu nome tem boa aceitação - disse Chinaglia.

No terceiro cenário, Lula conta com a reeleição de aldo. Considera-o confiável e teria estabilidade nos próximos dois anos. Reconhece que é difícil, pois o PCdoB é um partido pequeno.

A preocupação de Lula tem uma razão: o desejo de conseguir a maioria do PMDB. O Planalto tenta esvaziar a reunião de governadores peemedebistas, amanhã, em Florianópolis.

- O bom para o presidente é estar com a maioria do partido. Se o presidente só vai tratar com os vencedores do PMDB, não terá a maioria - diz Geddel.